quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Artesãos admitem luta judicial contra o Museu do Design de Évora




Nova Associação
Público 22.09.2010 - 08:10 Por Maria Antónia Zacarias, com Joana Amaral Cardoso

Os artesãos de Évora que não concordam com a transformação do Centro de Artes Tradicionais (CAT) em Museu do Artesanato e Design admitiram ontem que estão preparados para endurecer as formas de luta. O recurso à via judicial, através de uma providência cautelar, é uma das opções em cima da mesa.
O recurso à via judicial, através de uma providência cautelar, é uma das opções em cima da mesa.
Ontem foi possível perceber que o movimento de contestação se organizou, com a criação de uma nova associação - a Associação de Defesa do Artesanato do Alentejo, que se apresentou, à tarde, em Évora. Os seus responsáveis garantiram que usarão todos os meios legais. "Este é o nosso primeiro cavalo-de-batalha, que tem de ser ganho", sustentou Tiago Cabeça, artesão e um dos fundadores da associação.

Questionado sobre as intenções deste movimento, o coleccionador Paulo Parra disse ao PÚBLICO não entender a controvérsia "de criar dois museus para promover dois espólios complementares". Em seu entender, a oposição que o projecto tem merecido só se pode perceber "sob outros interesses", que não quis nomear, enfatizando que o plano de convivência dos dois espólios (o do CAT e a Colecção Paulo Parra) no futuro museu se mantém e que a sua equipa tem "larga experiência no trabalho com grandes artesãos alentejanos".

Também o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, foi contactado, mas escusou-se a tecer comentários.

Os promotores desta associação reiteram o que tem vindo a ser dito desde Março deste ano, alegando que é "impossível" e "incongruente" colocar no mesmo espaço as duas colecções, "até porque o local não tem condições". Fora este argumento, os membros da nova associação insistem que nada têm contra a abertura de uma colecção privada de design industrial do século XX, desde que seja num outro sítio da cidade.

Toda a polémica começou quando a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, a Câmara Municipal de Évora e o professor Paulo Parra decidiram instalar, nesta cidade, a colecção deste último.

Faltava um espaço e a escolha recaiu sobre o edifício do antigo Celeiro Comum. Um espaço que sofreu obras de recuperação "suportadas pelo erário público - com o apoio de fundos comunitários", e que foi reaberto há cerca de dois anos, com o espólio do CAT. Porém, a autarquia e o turismo afirmam que este centro não tem viabilidade financeira, por falta de público. Um argumento que, segundo os artesãos que lideram a nova associação, ainda está "por provar".

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PERPETUAR TRADIÇÕES-ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO ARTESANATO DO ALENTEJO

Évora, 17 de Setembro de 2010

Excelentíssimos Senhores,

Assunto : Convite para a conferência de imprensa de apresentação da Associação
“PERPETUAR TRADIÇÕES-ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO ARTESANATO DO ALENTEJO



Na próxima Terça-feira, 21, pelas 17.00 horas, procederemos à apresentação da associação “PERPETUAR TRADIÇÕES” aos profissionais da Comunicação Social, que terá lugar na
Casa de Chá Condestável, na Rua Diogo Cão, em Évora no Centro Histórico.

A criação desta associação foi suscitada pelas ameaças que, desde finais de Março, foram tornadas públicas pondo em risco o futuro do Centro de Artes Tradicionais, antigo Museu do Artesanato de Évora.

Os signatários fizeram de então para cá fazer ouvir as suas opiniões através de uma Petição, de artigos nos jornais, e de outras tomadas de posição públicas.
Perante a manutenção daquelas ameaças, entendemos agora que terá que existir uma organização formalizada para as medidas que se imponham em defesa daquele projecto, e da cultura popular do Alentejo.

Essa, a razão de ser deste convite.
Esperamos tê-los convosco na próxima Terça-feira. Os melhores cumprimentos:

Adel Sidarus
Carmelo Aires
Carmen Ballesteros
Carolina Páscoa
Celestino Froes David
João Andrade Santos
Joaquim Palminha Silva
Magda Ventura
Manuel Branco
Miguel Sampaio
Tiago Cabeça

sábado, 11 de setembro de 2010

Os meus heróis...

São as pessoas que resistem porque acreditam.

Gabriela Canavilhas - Ministra da Cultura
In Semanário Expresso, 11 de Setembro de 2010

Petição Publica pelo não encerramento do CAT Museu Artesanato de Évora

Continuamos a recolher assinaturas. Assine connosco!

Petição

Uma questão grave

Sabendo das dificuldades que o país e, particularmente a Câmara Municipal de Évora, atravessam. Sabendo que o putativo "Museu do Design e Artesanato" irá custar ao Municipio pelo menos três vezes mais que o actual Centro de Artes Tradicionais (CAT) (estima-se que mais de 100.000€ anuais) fica a questão:

Haverá dinheiro para manter este Museu privado do Design?

Ou vamos só destruir o CAT?...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um saco cheio de nada...

Recebemos a resposta da Câmara Municipal de Évora à interpelação do Grupo parlamentar do Bloco de Esquerda que apenas veio confirmar aquilo que já se suspeitava: os "estudos" que "provam" à Câmara Municipal de Évora e ao Turismo do Alentejo do maior interesse do Design sobre o Artesanato, os mesmos que apontam para multidões de visitantes e que colocarão Évora "na rota internacional do Design" são um saco cheio de... coisa nenhuma. Não existem. Confrontado pelo Bloco de Esquerda o sr. Presidente da Câmara Municipal de Évora responde: Foram eles que pediram (entenda-se o Turismo do Alentejo).

Fica outra pergunta no ar: além do Sr Paulo Parra - parte evidentemente interessada - haverá alguma personalidade/instituição que reconheça da imprescindibilidade deste Design sobre o Artesanato do Alentejo?

É que até ao momento, mais ninguem se fez ouvir...

Interpelação pelo Grupo Parlamentar do Bloco de esquerda


Requerimento À Câmara Municipal de Évora



"Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio requerer à Câmara Municipal de Évora cópia dos estudos em que se fundamentou para a substituição do Centro de Artes Tradicionais /Antigo Museu do Artesanato pela criação do Museu do Design em Évora – Colecção Paulo Parra, bem como cópia do Protocolo tripartido".


Resposta do Presidente da Câmara Municipal de Évora:

"(...) No inicio do corrente ano a Câmara Municipal de Évora foi contactada pelo Turismo do Alentejo propondo o estabelecimento de parceria para acolher a colecção de Design Paulo Parra(...) Para este objectivo a ERT disponibilizou o espaço (...) que acolhe o Centro de artes tradicionais. (...) Em anexo remeto copia do protocolo aprovado".

Évora: Artes tradicionais ou 'design'?




por LUÍS MANETA

In Diário de Noticias 10 de Setembro de 2010

Futuro Museu do Design no edifício do Museu do Artesanato lançou contestação de grupo de cidadãos.

A decisão da Câmara Municipal de Évora e da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo de instalar o novo Museu do Design no edifício onde se encontra a funcionar o Centro de Artes Tradicionais (Museu do Artesanato) vai ser contestada em tribunal por cidadãos que consideram tratar-se de uma opção que "empobrece" a memória histórica do Alentejo.

"Uma vez que os nossos argumentos não foram ouvidos por quem decide, resta-nos avançar com uma providência cautelar. Não chegamos lá de outra maneira", diz ao DN o artesão Tiago Cabeça, primeiro subscritor de uma petição com 650 assinaturas contra a "secundarização" do Museu do Artesanato, cujo espólio constitui um "importante marco da memória dos usos, costumes e tradições" da região.

O recurso a tribunal, cuja fundamentação jurídica está a ser preparada, é apontado como a "derradeira tentativa" para travar a abertura do Museu do Design, prevista para o início do próximo ano, no edifício do antigo Celeiro comum, próximo da Capela dos Ossos. O mesmo espaço onde em 1962 foi inaugurado o Museu do Artesanato, que ali funcionou até à década de 90. Em 2007, depois de um investimento de um milhão de euros, o museu reabriu portas.

"Não compreendemos como é que se pretende pôr de lado um investimento que foi apoiado por fundos comunitários com o objectivo de valorizar a cultura regional", diz Tiago Cabeça, considerando que "não faz sentido manter num edifício com apenas 200 espaços expositores" uma colecção de artesanato e outra de design industrial. "São coisas completamente diferentes. Uma é a etnografia e o artesanato do Alentejo, outra são peças de plástico para produção em massa."

Recusando comentar a providência cautelar, o presidente da ERT do Alentejo, Ceia da Silva, garante que o museu irá continuar a ter uma "valência de artesanato", estando a decorrer o concurso público para requalificação do espaço. Já a vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Évora, Cláudia Pereira, diz que a ameaça de recurso aos tribunais "não fará parar" o processo de criação do Museu do Design, composto por cerca de 2500 objectos coleccionados por Paulo Parra, professor auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

"É uma parceria público-privada cujo protocolo com o coleccionador será assinado em breve", acrescenta Cláudia Pereira, segundo a qual "nada impede" a coexistência de uma colecção de artesanato com outra de design industrial. "A colecção de Paulo Parra intitula-se 'Da pedra lascada ao iPod' e por aí se pode ver que existe uma ideia de continuidade. No fundo, estamos a falar de produtos que são todos eles para massas, pois o artesanato também é produzido em série, não se trata de peças únicas."

Para a câmara e para a ERT, o projecto é ainda justificado com a necessidade de "imprimir uma nova dinâmica" ao Centro de Artes Tradicionais, "transformando-o de facto num museu, através da inclusão e desenvolvimento no seu projecto expositivo de novas valências" que poderão "contribuir para a sua revitalização, captando novos públicos".