domingo, 27 de março de 2011

Cláudio Torres junta-se à defesa do Museu do Artesanato de Évora






sexta-feira, 25 de Março de 2011
In Semanário Registo


O arqueólogo Cláudio Torres – Prémio Pessoa 1991 – juntou a sua voz ao movimento de cidadãos que contesta o encerramento do Museu do Artesanato de Évora, por decisão da Câmara e da Entidade Regional de Turismo do Alentejo.
“Este museu, que certamente esteve abandonado, com pouco investimento, é uma necessidade cidadã”, disse Cláudio Torres durante o colóquio “Cultura Popular e Preservação da Memória”, organizado pelo Grupo Pro-Évora e pela associação Perpetuar Tradições, constituída para promover a defesa do artesanato alentejano.
Para o director do campo arqueológico de Mértola, e um dos mais reputados arqueólogos portugueses, a “capacidade de guardar” as “memórias do núcleo camponês de uma região” tem de ser “salvaguardada”. “Esta actividade tem de ser mantida, eventualmente com uma ligação estreia à universidade para incluir uma componente de investigação”.

Sublinhando que “nada impede” a criação de outros espaços culturais na cidade, designadamente o Museu do Design – Colecção Paulo Parra, que será instalado no edifício do Museu do Artesanato, Cláudio Torres defende que se trata de conceitos diferentes: “Não podemos querer misturar alhos com bugalhos”. “Vale a pena lutar. Foi assim que Lisboa conseguiu [a reabertura do Museu de Arte Popular], concluiu.
Numa região como o Alentejo, “onde a ruralidade é um valor”, o artesanato continua a constituir uma “fonte inesgotável, de acordo com a disponibilidade e riqueza dos materiais, as necessidades impostas pela vida rural e urbana e a criatividade dos artífices”, acrescentou o sociólogo Francisco Martins Ramos, professor emérito da Universidade de Évora e outro dos intervenientes no colóquio.

“A musealização dos artefactos desaparecidos ou em vias de extinção desempenha um papel crucial na salvaguarda da memória colectiva, na transmissão dos saberes tradicionais às novas gerações e na compreensão do passado, recente ou distante”.
Considerando que a reabertura do Museu do Artesanato em Junho de 2007, depois de um encerramento que se prolongou por mais de 15 anos, constituiu a “devolução à cidade e ao Alentejo de uma parte do seu património”, Francisco Martins Ramos criticou a decisão da Câmara de Évora e do Turismo do Alentejo de instalarem naquele espaço o Museu do Design.

“Invadir o território de um museu temático existente, descaracterizar uma realidade coerente da sua afirmação sociocultural, histórica e identitária, amputar um espaço artesanal por interesses de conveniência, misturar traços culturais com afirmações de modernidade de natureza diversa e antagónica é um crime de lesa-cultura, uma afronta ao legado que nos foi deixado e uma armadilha envenenada à idiossincrasia alentejana”, defendeu o sociólogo.

O colóquio contou ainda com as intervenções de Celestino David e Marcial Rodrigues, em representação do Grupo Pró-Évora, e do historiador Celso Mangucci, que dissertou sobre “A arte popular, entre a história e a tradição”. Entre os presentes estiveram os ex-presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Alentejo, Carmelo Aires, e da Região de Turismo de Évora, João Andrade Santos.
O novo Museu do Artesanato e do Design de Évora tem abertura prevista para a Primavera.

sexta-feira, 18 de março de 2011

A arte tradicional não está cotada na bolsa, mas...




"A cultura popular e a preservação da memória colectiva" foi o mote para o serão de ontem,17 de Março, na sede do Grupo Pró-Évora, organizado pela Associação PERPETUAR TRADIÇÕES.

O encontro, que juntou entre 4 a 5 dezenas de pessoas, afirmou a ideia de que "a batalha foi perdida mas a guerra não",traduzida numa expressão de Carmelo Aires. Já depois da meia noite, a última frase foi lançada por Cláudio Torres: "Vale a pena lutar. Foi assim que Lisboa conseguiu!" afirmou peremptório, numa alusão ao movimento cívico que fez reabrir o Museu de Arte Popular.


A Professora Antónia Fialho Conde, moderadora deste colóquio, começou por relembrar a valorização crescente que instituições como a UNESCO vêm atribuindo ao Património Imaterial, nomeadamente desde a Convenção de Paris de 2003.

Marcial Rodrigues, foi o primeiro orador da noite. Traçou o percurso histórico da ideia hoje conhecida como Museu do Artesanato/Centro de Artes Tradicionais, numa intervenção em representação do Grupo Pró Évora, intitulada "Do projecto do Museu de Arte Rústica ao Museu do Artesanato", segundo a qual desde 1929, é publicamente defendida a ideia do então "Museu de Arte Rústica".

Com a descrição de avanços e recuos, com denominações e molduras diferentes, Marcial chegou a 1963, data em que foi destinado, para este efeito, o espaço do Celeiro Comum. Esgotado o tempo de que dispunha, concluiu afirmando que se trata pois "de uma causa antiga que acabou por se concretizar e não faz sentido extinguir agora". E que "se os responsáveis tivessem estudado a lição não o teriam feito com esta facilidade".

O Historiador Celso Mangucci defendeu em nome da Associação "PERPETUAR TRADIÇÕES" a " arte popular, entre a história e a tradição." Centrou-se na explicação da ideia subjacente ao Centro de Artes Tradicionais quando da sua abertura ao público em 2007.

O Professor Francisco Ramos falou sobre " Artesanato, Memória e Felicidade". Afirmou metafóricamente que o Artesanato é como a Felicidade; só quando desaparece é que lhe damos valor. E que "somos um país de artesãos a vários níveis".

O arqueólogo Cláudio Torres destacou " a continuidade histórica como uma característica maior do Sul". E acrescentou que quando pensamos que este mundo ancestral está a mudar, talvez estes saberes possam vir a ser fundamentais. Disse que não se trata só de guardar, mas também de fazer. Porque o artesanato implica fazer; implica memória, ritmos e gestos. Como a música ou a dança.

Depois dos oradores principais, pronunciaram-se Manuel Branco, Carmelo Aires, José Russo, Fátima Mendes, o Presidente da Associação de Artes e Ofícios de Évora Rodrigo Pato, António Murteira, Elsa Caeiro, João Andrade Santos, Celestino David e Joaquim Pulga.

A sessão terminou com o apelo de esperança lançado por Cláudio Torres.

In A Cinco Tons

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cultura Popular e Preservação da Memória


A Associação Perpetuar Tradições e o Grupo Pro-Évora têm o prazer de convidar V. Ex.ª para o colóquio subordinado ao tema “Cultura Popular e Preservação da Memória” que se realiza no próximo dia 17 de MARÇO, pelas 21horas na sede do grupo Pró-Évora.

O colóquio conta com as participações, já confirmadas, de Maria Antónia Conde, Celestino Froes David e Marcial Rodrigues, Celso Mangucci e Cláudio Torres e procura debater o papel da Cultura Popular no mundo actual, marcado pela globalização, bem como as formas e as estratégias institucionais de defesa desse património. As inscrições, gratuitas, podem ser realizadas através dos telefones 266746049, ou por e-mail perpetuartradicoes@gmail.com

sábado, 5 de março de 2011

CULTURA POPULAR E PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA - Colóquio

Organizado pela Perpetuar Tradições e pelo grupo PRO ÉVORA

“CULTURA POPULAR E PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA”
Sede do Grupo PRO EVORA
Quinta feira 17 de Março de 2011
21h


Presenças já confirmadas

. Arqueólogo Cláudio Torres
.O Antropólogo Francisco Martins Ramos
. O Historiador Celso Mangucci
. A Directora do Departamento de história da Universidade de Évora Maria Antónia Conde

Acta da Comissão Municipal de Defesa do Património omissa há nove meses

Especula-se que alguns membros desta comissão poderiam manifestar sua indignação ameaçando renunciar, e que vereadora possa estar a tentar forçar assim demissão de seus membros.

A acta da ultima reunião da Comissão Municipal de Defesa do Património continua sem aparecer, vai para nove meses.

De facto na dita reunião consultiva desta Comissão, em junho passado, o projecto de acabar com o Museu de Artesanato para o substituir por Design - foi criticado "cerrada e impiedosamente" por todos os membros, à excepção da dita vereadora e do próprio "colecionador de design" que irá beneficiar do negócio.


Da responsabilidade do representante da Câmara Municipal de Évora, no caso a Srª vereadora da cultura Claudia Pereira, este documento ainda não parece ter conseguido ver a luz do dia e já se especula que esta possa ser uma intenção concertada. Não só para evitar mais polémica à volta do futuro Museu do Design Privado, como pela eventual intenção da Câmara de tentar substituir membros incómodos, daquela comissão, por outros mais cooperantes às intenções do executivo.

Questionada sobre a acta da reunião em causa a vereadora afirma que aquela "é de dificil elaboração por a reunião ter sido inconclusiva".