sábado, 30 de outubro de 2010

Prémio: auto-sustentabilidade garantida

"Temos confiança no coleccionador que afirma chegará à auto-sustentabilidade do projecto muito rapidamente"
Claudia Pereira
Vereadora da Câmara Municipal de Évora
sobre a despesa para o contribuinte do futuro Museu de Design


"O sucesso do Museu da Moda e Design (MUDE) não tem saído barato ao erário público (...) Antonio Costa (presidente da Câmara de Lisboa) voltou a mencionar a sua intenção de o transformar numa fundação de modo a angariar parceiros privados que possam ajudar a suportar os seus "avultadíssimos custos".
In Público 30 de Outubro 2010

Câmara de Lisboa fez um contrato de 125 mil euros sem concurso.


O Ajuste directo relacionado com pessoal para o Museu do Design e da Moda (MUDE) foi feito ao abrigo de regra que o autoriza, quando não há mais ninguem capaz de fazer o serviço.
A Câmara de Lisboa entregou 125 mil euros sem concurso público, a uma associação sem fins lucrativos que está a assegurar o atendimento ao público no MUDE durante um período de seis meses. O serviço é executado por perto de sete dezenas de jovens finalistas de cursos de artes, pagos a 4,5€ à hora, pela associação Aumento d´ideias.

De acordo com a directora do MUDE Barbara Coutinho ... "Ajudou a criar não um serviço mas um programa educativo". Uma das fundadoras da Aumento D'Ideias, a artista plástica Natercia Caneira garante que a associação não retira desta prestação de serviços qualquer lucro.

Totalizaram mais de um milhão de euros as três dezenas de ajustes directos celebrados pela Câmara de Lisboa com empresas privadas para aquisição de bens e serviços para o MUDE (...) que também é financiado pelo Turismo de Portugal.

"Era importante que o Tribunal de Contas verificasse atentamente os ajustes directos feitos para este Museu" Diz o vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro, (...) que nalguns casos são de legalidade "mais que duvidosa".

(...) O sucesso do MUDE não tem saído barato ao erário público. Ainda esta semana Antonio Costa (presidente da Câmara de Lisboa) voltou a mencionar a sua intenção de o transformar (o MUDE) numa fundação de modo a angariar parceiros privados que possam ajudar a suportar os "avultadissimos custos" de funcionamento do Museu.

Ana Henriques in Público 30 de Outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sob o pesado manto do “Observatório de Turismo do Alentejo”, esconde-se a verdade nua da mesquinhez “institucional”? *


O dique das mistificações rompeu-se!
Mesmo que ainda subsista aqui e ali a aparência de uma ténue urbanidade, de um mitigado cosmopolitismo, bastou pequena contrariedade, choque mínimo das absurdas pretensões contra a lógica da realidade cultural da Região Alentejo, para fazer ruir o marketing “pseudo-institucional” da entidade “Turismo do Alentejo”…

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Palavras de circunstância do presidente da “Turismo do Alentejo”, ERT, no acto de lançamento público (5/10/2010) do “Guia de Museus do Alentejo”, ocorrido no claustro do Museu de Évora, com a presença (em traje “descontraído”) da Senhora Vereadora da Cultura do município eborense, bem como técnicos superiores do dito Museu: “Entendemos ser necessário haver um conjunto de guias de produto (turístico) que dessem uma resposta sistemática relativamente à oferta existente em toda a região”.
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Entretanto, no dia 14 de Outubro do corrente ano, sobre a porta do “Centro de Artes Tradicionais”, antigo “Museu do Artesanato de Évora”, a direcção da entidade “Turismo do Alentejo” mandou colocar um aviso (anexo) em português, inglês e espanhol: - Aí se declara que a unidade museológica se encontra encerrada até 24 de Outubro… por falta de pessoal!


Esta declaração pública sobre a falta de pessoal (férias da única licenciada, técnica superior de serviço, que além de ter de cobrar as entradas no espaço, costuma ocupar-se da lavagem do chão, organizar exposições periódicas e fazer as visitas guiadas), aponta-nos um anormal exercício dirigente da tutela, testemunhando, assim, e pela primeira vez, talvez sem se aperceber, a sua assombrossa incúria na administração dos espaços museológicos sob a sua administração (“Turismo do Alentejo”), das suas inesperadas insuficiências de organização que, depois dessa “história” de querer fazer um museu do “design industrial” à custa do apagamento do espaço museológico do artesanato, lhe vão custar, dizia, um galope de gargalhadas!!! Vemos, portanto, como são fortes os traços culturais que ligam organicamente os dirigentes do “Turismo do Alentejo” à própria Região; como se pode ir da edição do “Guia de Museus do Alentejo” ao encerramento de unidade museológica…
Independentemente das divergências políticas que o cidadão possa ter com o PS no exercício do Poder (no Alentejo), esta forma de organizar e dirigir, refractária aos interesses da Região, não é favorável para a imagem do partido destes senhores e senhoras, com o inusitado suplemento de ser vergonhosa para o Alentejo!
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* Não era minha intenção voltar a falar do”centro de artes tradicionais” e da entidade “Turismo do Alentejo”… No entanto, verificamos que há um “misterioso” sentido do arbitário e da estultícia, que leva nomeados dirigentes politicos regionais a prestarem vassalagem à banalidade pré-ordenada (secretamente?), bem como à disfuncionalidade crónica e ao dilacerante non-sense …

Palminha da Silva in "A defesa"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Museu do Design - Muita Parra pouca uva...

Ontem teve lugar na Antena1 um debate que versou a manutenção do Centro de Artes Tradicionais enquanto tal, no espaço que hoje ocupa, ou a sua substituição por um Museu de Artesanato e Design ou Design e Artesanato a criar.
Participaram nesse debate a Dra Cláudia Pereira em representação da CME enquanto Vereadora da Cultura, a Dra Ana Borges, em representação da Direcção Regional da Cultura e o Dr Carmelo Aires em representação da "Perpetuar Tradições".
Ao contrário do que foi afirmado na introdução do debate, a Perpetuar Tradições não é uma Associação de Artesãos, é uma Associação com artesãos, mas é acima de tudo uma manifestação de cidadania por parte de muita gente, que não apenas de Évora concelho e que se bate pela defesa do Artesanato Alentejano, defendendo por isso a manutenção nos moldes actuais do referido Centro de Artes Tradicionais.
Convém referir que quem está encarregue da gestão do CAT é a Direcção Regional de Turismo, sendo ela por isso a responsável pelo declínio do espaço, pela pouca consistência do mesmo enquanto projecto, (actualmente entenda-se) pela constante diminuição do fluxo de visitantes que se tem verificado ano após ano.
Não existe da parte desta entidade um esforço visível e honesto para contrariar esta tendência. Pelo contrário tem-se verificado um progressivo e negligente desinteresse (será negligente?) de molde a colocar como alternativa à suposta falta de viabilidade; o fecho ou a reciclagem.
Recordo que um dos argumentos para a eutanásia é a falta de verba, mas, por outro lado, quem vai arcar com as despesas de instalação da colecção de design é a ERT. Em que ficamos?
Em relação à autarquia que afirma não ir ter despesas para além da contratação de um funcionário e daquelas decorrentes do funcionamento do espaço, lembro que já o poderia ter feito em relação ao actual projecto museológico, evitando assim que ele encerrasse portas por causa das férias da sua única funcionária...
Não vou referir aqui da viabilidade do Centro de Artes Tradicionais, já que de todos os pareceres emitidos pelas mais diversas entidades, não houve um único que sustentasse a posição assumida pela tríade Coleccionador, CME e ERT, pelo contrário todos inequivocamente se manifestaram a favor das pretensões da Perpetuar Tradições.
Não cabe também neste espaço polemizar com a Sra Vereadora da Cultura, mas recordo que não foi apenas o Centro de Artes da FCG que subiu ao Parlamento... a questão aqui em debate também. Pronunciando-se a ministra da Cultura de forma demolidora em relação às pretensões da tríade. Aliás outra coisa não seria de esperar; ou ter-se-á esquecido a Sra Vereadora das questões postas pela Assembleia da República à Câmara de Évora acerca da viabilidade do projecto, questões essas que não obtiveram oura resposta que não fosse sacudir a água do capote dizendo que a ideia partiu da ERT e do Coleccionador, tendo a Câmara sido convidada apenas no início de 2010? Data essa que pelos vistos não corresponde à verdade, já que a Sra Vereadora afirmou neste debate ter a Câmara conhecimento do projecto, pelo menos desde o final do ano passado.
A falta de transparência retira toda a credibilidade a quem a pratica. Desde o início desta luta de cidadania que a informação tem sido sacada a conta-gotas e pior; o que nos é dito, a nós que detemos o poder e o delegamos através de eleições, nunca corresponde à verdade.
Afinal quem julgam os senhores que são?
Quem julgam os senhores que vos paga os ordenados?
Para quem pensam os senhores que trabalham?
Haja respeito!

Miguel Sampaio

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Prémio: estará a ver alguma coisa que mais ninguém vê?...

Setecentos cidadãos em petição assinada são contra...
Grupos de defesa do Património são contra...
Comissão Municipal de Defesa do Património é contra...
Delegação Regional da Cultura do Alentejo é contra...
Instituto Português dos Museus e Conservação é contra...
Gabriela Canavilhas, Ministra da Cultura, é contra...

"Concerteza que é para avançar!"

Claudia Pereira
vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora sobre a substituição do Museu de Artesanato publico de Évora pelo Museu do Design privado a suportar pelo contribuinte.
Antena 1; 26 Out 2010

Multimédia RTP


Multimédia RTP

Debate Museu de Artesanato Versus Museu Design e Artesanato Antena 1
26 Outubro 2010, 13h30

Debate na ANTENA 1 - 26 Out 2010

"A Delegação Regional de Cultura do Alentejo não é favoravel a esta junção (artesanato e design)" ...

"O espaço fisico em área não permite estas duas colecções em exposição." ...

"O actual espólio de Artesanato é de grande qualidade"

Ana Borges pela Delegação Regional de Cultura do Alentejo

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"Nunca fomos contra o design, mas existem outros espaços que poderiam servir para essa colecção, por exemplo: o armazém da Palmeira, os antigos Celeiros. "

"Não lhe foi permitido a concretização enquanto projecto de artesanato"Carmelo Aires pela Perpetuar tradições associação
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"Esta ideia não partiu da Câmara Municipal de Évora, partiu do Turismo do Alentejo e do colecionador" ...

"Não há espaço mas nenhuma colecção (Design ou Artesanato) estará permanentemente em exposição. Haverá itinerâncias"...

"A Câmara não encontrou outro espaço (...) pois qualquer outro seria uma despesa incomportável"

"Não é conta nossa não sei quanto vão custar" (as novas obras de adaptação)

"Interessa à Câmara que este espaço seja digno..."

Claudia Pereira vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora

Inquérito

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Comunicado da Associação Perpetuar Tradições

1. A Perpetuar Tradições-Associação de Defesa do Artesanato do Alentejo acaba de tomar conhecimento da resposta de Sua Excelência a Ministra da Cultura a requerimento feito na Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda sobre o “Encerramento do Centro de Artes Tradicionais/Antigo Museu do Artesanato”.

2. Nessa resposta declara a Senhora Ministra, entre outras considerações, que “a posição do Ministério da Cultura é favorável à potenciação do actual projecto museológico em detrimento da criação de um novo e em sua substituição”.

3. Face a esta declaração do Ministério da Cultura ficam em posição insustentável a Entidade de Turismo do Alentejo e a Câmara Municipal de Évora promotores da ideia de alterar o projecto museológico do Centro de Artes Tradicionais de Évora/Antigo Museu do Artesanato.

4. Para a Perpetuar Tradições, que desde o início deste processo se opôs frontalmente à desvirtuação do Centro de Artes Tradicionais, chegou o momento de a Turismo do Alentejo e a Câmara Municipal de Évora arrepiarem caminho e abandonarem a ideia de instalar uma colecção privada de design no Centro de Artes Tradicionais, de cujo projecto de musealização nem sequer deram conhecimento ao Ministério da Cultura, não se coibindo, entretanto, de propagandearem a ideia de que iriam fazer dessa colecção privada o primeiro grande museu de design da Península Ibérica e uma referência mundial.

5. Entretanto, numa táctica bem conhecida de desinvestimento, a Turismo do Alentejo, que gere o Centro de Artes Tradicionais de Évora, fechou-o durante as férias da única funcionária que lhe afectou; e no Guia de Museus do Alentejo que ela própria acaba de editar mandou retirar qualquer referência ao único “museu” de que é responsável, exactamente o Centro de Artes Tradicionais de Évora, assim o desacreditando e fazendo com que seja ignorado, menos procurado e visitado, para melhor justificar o seu propósito de ali instalar uma colecção particular de design.

Évora, 25.10.2010.

Perpetuar Tradições – Associação de Defesa do Artesanato do Alentejo

CAT Museu de Artesanato: o patinho feio dos Museus do Alentejo

Publicação da responsabilidade da ERT não inclui Museu da responsabilidade da ERT

Chega-nos a noticia que o novo guia dos Museus do Alentejo, lançado este mês de Outubro de 2010 e que é justamente uma edição da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo, não inclui o Centro de Artes Tradicionais, Museu de Artesanato de Évora.

De facto este que é o unico Museu à responsabilidade da ERT não teve direito a constar nesta edição, assim como nunca chegou a fazer parte da maior parte de edições turísticas e brochuras informativas distribuidas a quem visita o Alentejo. Este facto dá, mais uma vez, razão ao parecer do Instituto de Museus e da conservação que dá pistas justamente indicando o Turismo do Alentejo como maior responsavel pelo fraco desenvolvimento do projecto CAT Museu de artesanato.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

MINISTRA DA CULTURA CONTRA "MUSEU DE ARTESANATO E DESIGN"


Gabriela Canavilhas favorável a "potenciação do actual projecto em detrimento de um novo em sua substituição"

Em resposta à interpelação do Bloco de Esquerda a Ministra da Cultura faz saber também que "a protecção do espólio do CAT é assegurada pela entidade a que está cometida a sua gestão" e não a colecionadores privados, e que "desconhece o projecto museológico" do design.

O MC também refere que para o actual Museu de Artesanato "espera que se possam concretizar melhorias e complementaridades em colaboração com os agentes envolvidos na promoção e desenvolvimento cultural da região Alentejo".

Em suma um valente puxão de orelhas ao Presidente do Turismo do Alentejo Ceia da Silva e ao Presidente da Câmara Municipal de Évora José Ernesto Oliveira. Quanto ao colecionador "icone do design mundial" e seu projecto, no MC nem sequer o conhecem.

Hoje, 21 de Outubro de 2010 o Museu de Artesanato continua de portas fechadas "por falta de pessoal" e o anúncio que prometia a reabertura para dia 25 foi retirado da porta... Relembramos que estava prometida para este mês a transformação de Museu de Artesanato em Museu de Design.

MINISTRA DA CULTURA CONTRA "MUSEU DE ARTESANATO E DESIGN"



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Museu de Artesanato ENCERRADO POR FALTA DE PESSOAL



Quem passe hoje à porta do CAT Museu de Artesanato de Évora, encontra o aviso: "Estamos encerrados até dia 24 de Outubro por falta de pessoal".


Sabemos que a licenciada que trabalha a contrato, e tanto vende os bilhetes, lava o chão, organiza exposições e faz visitas guiadas, está de férias durante alguns dias. O Turismo do Alentejo (TA) aparentemente não tem mais ninguém para a substituir.

Pelo contrário e segundo o protocolo já acordado quando o "Museu de Artesanato e Design" do colecionador privado abrir, o TA e a Câmara de Évora garantirão pelo menos e com dinheiro do contribuinte: "um funcionário do museu; um funcionário para a loja; um técnico; pessoal de segurança; pessoal de limpeza; pessoal de apoio a processos de candidatura a fundos europeus e outros; uma Direcção do Museu constituida por representantes do TA, da Câmara Municipal e pelo próprio colecionador; dois quadros superiores doutorados em design.

O que nos leva a lamentar estarmos em crise, pois se não estivessemos...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Évora - Críticos do novo Museu do Artesanato e Design criam associação


A «Perpetuar Tradições» recentemente criada com o objectivo centrado na defesa do artesanato alentejano apoia-se, para já, na luta contra o «fim» do Centro de Artes Tradicionais (CAT) em Évora. O espaço dará lugar ao novo Museu do Design - Colecção Paulo Parra. Tiago Cabeça, membro da nova associação, diz que «está em causa o desaparecimento do CAT» e considera que o Turismo do Alentejo e a autarquia de Évora estão a cometer um «crime», entregando a «memória de um povo» a um privado.(...)

«Não encontramos justificação para isso. Mais que as convicções ou gostos pessoais do presidente da Entidade Regional do Turismo do Alentejo (ERTA), Ceia da Silva, ou do presidente da Câmara Municipal de Évora, Ernesto Oliveira, não existe, até ao momento, uma justificação plausível para esse encerramento. Continuaremos a lutar para o evitar. O responsável da nova associação relembra que «é obrigação legal e estatutária da ERTA e de Ceia da Silva garantir a preservação e divulgação do artesanato à guarda do CAT».(...)

«O próprio Instituto Português de Museus e da Conservação manifestou sérias reservas pela possível extinção de ´um bom projecto´. Por parte do Turismo do Alentejo a razão invocada é: “Paulo Parra é um ícone do Design Mundial”. No mínimo esta será uma razão discutível», explica.(...)

É lamentável que tenhamos de resgatar a nossa cultura, tradição e memória justamente das mãos que deveriam zelar pela sua protecção e divulgação», conclui.(...)

O Café Portugal tentou ouvir o presidente da Entidade de Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, mas até ao momento não foi possível uma reacção às posições da nova associação.


In Café Portugal por Ana Clara

sábado, 9 de outubro de 2010

Acta da Comissão Municipal de Defesa do Património continua atrasada

Vai para quatro meses

A acta da ultima reunião da Comissão Municipal de Arte, Arqueologia e Património de Évora continua sem aparecer.

Da responsabilidade do representante da Câmara Municipal de Évora, (no caso a Srª vereadora da cultura Claudia Pereira, para quem o artesanato do Alentejo sobeja nas lojas e não precisa de um Museu) este documento ainda não parece ter conseguido ver a luz do dia.

De facto na dita reunião consultiva desta Comissão, o projecto de acabar com o Museu de Artesanato para o substituir por Design - foi criticado "cerrada e impiedosamente" por todos os membros, à excepção da dita vereadora e do próprio "colecionador de design" que irá beneficiar do negócio.

Segundo nos fizeram constar, a quem lhe pergunta pelo documento a Srª vereadora responde que o mesmo "é de elaboração dificil por a reunião ter sido inconclusiva"...

Afinal são Convicções...

Na ultima conferencia de imprensa promotora do putativo museu de design e artesanato afinal concluiu-se que as "provas" de que o Design atrairá milhares de visitantes a Évora, muitos mais que o Artesanato do Alentejo, não são provas... são convicções. É esta a razão que leva o Presidente do Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, e o Presidente da Câmara Municipal de Évora, Ernesto Oliveira, a entregarem um Museu público de um milhão e duzentos mil euros, a um privado de quem ninguém antes ouviu falar: a convicção de que Évora ficará inundada de turistas no dia seguinte...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Não há duas sem três!*

Joaquim Palminha Silva In A Defesa 30 Setembro 2010

Com o início da actual gestão municipal (em 2001), entramos num vestíbulo onde era suposto sorrir, com visível alegria e entusiasmo, um conjunto de ideias inovadoras (e convívio democrático, aberto, não exclusivista, capaz de aceitar o espírito crítico)… Afinal de contas, fomos vendo paulatinamente que não havia mais do que um “cabide” carregado de “chapéus” de toda a espécie. Enfi m, “chapéus há muitos!...”…
Expliquemo-nos…
Primeiro, surgiu a “ideia-inovadora” (2004) da “Évora-Moda” auto-promovida pela CME e outros “ilustres” parceiros da urbe. Isto é, a organização de um desfi le de “moda” com figurantes mais ou menos vestidos, e a exibição de uma série de mediocridades nacionais da TV e capas de revistas “cor-de-rosa”… Esta “parada” estapafúrdia foi inaugurada face ao templo romano, pelo que a exorbitância de decibéis e outra poluição ambiente na acrópole da cidade, transformaram a iniciativa num gesto vandálico de agressividade patrimonial que “arrepiou”, com toda a razão, alguns agentes culturais e foi objecto na altura de acesa discussão crítica na Comissão Municipal de Arte, Arqueologia e Defesa do Património. O mesmo disparate se repetiu noutra edição da “Évora-Moda”, na Praça de Giraldo, aí massacrando a fonte henriquina e a igreja de Santo Antão… Enfim, além do dispêndio financeiro e vários distúrbios culturais, esta iniciativa resultou numa espécie de “capote rasgado e chapéu roto”, retirados do tal “cabide”, colocando Évora alguns dias fora do recatado lugar de classificada pela UNESCO, para abancar na enxerga da foleirice nacional…
Depois, aconteceu a história caricata (2005) de um cavalheiro de nome Tristan Gillot (portador de passaporte belga) que, enquanto se apresentava como “príncipe” da Transilvânia (?), conseguia convencer a gestão municipal de que tinha capitais para erguer em Évora uma fábrica de pequenos aviões… e, nesse sentido, foi-lhe facultada a cedência de 2 688 m2 de terreno. Esta versão “alentejana” do “conto do vigário” acabou com o cavalheiro (referenciado pela INTERPOL como burlão internacional!) preso pelas autoridades, felizmente sem perigo de maior para os cofres da CME… E lá se foram, saídos do tal “cabide”, outro “capote rasgado” e mais um “chapéu roto”… Évora descia, então, da epopeia patrimonial para esse “crepúsculo” transtagano que é o anedotário alentejano…
Por fim, aparece-nos agora a ideia de “posicionar Évora como um centro cultural integrado nas grandes capitais mundiais do design”, segundo o texto do protocolo firmado entre as instituições Turismo do Alentejo, CME e um particular, por sinal Professor de design na Universidade de Évora e, no caso, proprietário da colecção de objectos a servir de acervo a um denominado “Museu do Design” industrial…
Curiosamente, “museu” a edificar no espaço do extinto Museu do Artesanato actual Centro de Artes Tradicionais, ignorando a existência deste mesmo espaço museológico e seu respectivo acervo, ainda que pálida imagem do que deveria ter sido um efectivo “museu do artesanato” alentejano, etc.. Entretanto, temos de dar conta da nossa perplexidade face à hipocrisia reinante, pois ninguém se atreve a dizer que Évora não necessita de um “Museu de Design” para nada! De resto, é “coisa” perfeitamente descontextualizada aqui e agora (compreendemos o perigo que envolve fazer esta afirmação)!…
Mas pense o leitor com alguma lógica: - Se porventura um Prof. da UE beneficiando de relações íntimas, de privilégio, com a gestão municipal, por “mania” ou gosto científico coleccionasse borboletas exóticas, teríamos obrigatoriamente um “museu da borboleta”, “integrado nas grandes capitais mundiais” das colecções de borboletas? … A actual gestão municipal empenha-se (é um facto!) em encontrar o maior número possível de inovações culturais ou lúdicas que, para além do que já se sabe, coloquem Évora no centro das atenções do turismo nacional e internacional, bem como tem procurado afanosamente atrair investimentos e criar emprego para a população, tal é o caso, por exemplo, da fábrica de origem brasileira de “componentes para aviões” que, como a “Feira de S. João”, todos os anos é inaugurada um pouco mais! Mas nunca mais se transforma em realidade!… Claro que é digno de registo o esforço da gestão municipal, embora não faça mais do que a sua obrigação!
Todavia, acreditamos que deve ser penoso para a gestão municipal organizar desfiles de “moda” que resultaram em fi ascos anunciados, acreditar no primeiro estrangeiro que lhe aparece a “vender a banha da cobra” e, por fi m, embandeirar entusiasmada no “paleio” de um “professor” na Universidade local (que não deve ter pesadelos nem pesos na consciência, pelos estragos que provoca!), que lhe “vendeu” a ideia da cidade vir a ser um “centro internacional” do design… Começando logo a “abrir” caminho pisando aqui e ali, incompatibilizando-se com os agentes culturais da urbe, pessoas singulares e instituições locais, resvalando para o ridículo nacional! Tudo isto deve ser penoso de sofrer para a actual gestão municipal, mas é muito mais penoso para o preocupado e inquieto cidadão eborense…
Na verdade, não há duas sem três! Decididamente, esta gestão municipal teima em fazer do seu trabalho, na área cultural e lúdica, um “cabide” para chapéus! Esta gestão municipal teima em nos desfigurar a cidade, porque se julga moderna, cosmopolita e de “excelência”, mas no meio de uma cidade de casas arruinadas, incapaz de eficácia na simples limpeza e restauro das calçadas urbanas, alterando-nos sem “autorização” referendária praças e jardins, atreve-se todavia a pretender ser “centro cultural” não se sabe do quê, acabando numa prática patética de “troca-tintas” disto e daquilo, que desgosta e envergonha a grande número de eborenses…
Por fi m, faz-se desantendida, não responde aos argumentos dos que a criticam publicamente, responde como “individuo” sofrendo de disfunção crónica, apesar de possuir neste mandato específico vereador da Cultura (lugar desempenhado até aqui pelo Presidente do Município), o seu suposto potencial cultural degrada-se a olhos vistos, a superficialidade e a inelutável leviandade que a acompanha tornou-se prática corrente… Como se diz (ou dizia) nas “passagens de nível” ferroviárias, aventamos este alerta aos cidadãos eborenses, sempre que tenham de se relacionar com actual gestão municipal, área cultural e não só: – PARE, ESCUTE E OLHE!!!
Para não serem atropelados pela asneira, celindrados pela crónica disfunção do raciocínio ou esmigalhados pela bacoquice mental!
“Chapéus há muitos”…
* Esta crónica volta a ser publicada com modificações, porque infelizmente a “estrutura” cultural bem como a mentalidade corrente, no seio do executivo municipal, continua inalterável… Isto é, se houve mudança foi para pior!