quinta-feira, 15 de julho de 2010

COMISSÃO MUNICIPAL DE DEFESA DO PATRIMÓNIO CHUMBA PROPOSTA DE ENCERRAMENTO DO MUSEU DO ARTESANATO

Três meses e meio volvidos após a aprovação camarária do Protocolo de criação do Museu de Design-Colecção Paulo Parra, e perante o evidente desagrado de muitos sectores da vida social da Cidade, o assunto voltou à reunião do executivo municipal. Tratou-se agora de aprovar uma segunda versão do dito Protocolo, na qual foram introduzidas duas alterações : o Museu muda de nome, e passa a chamar-se Museu de Artesanato e Design, e a respectiva Direcção passa a ser designada pela CME, pela Turismo do Alentejo, e pelo coleccionador Paulo Parra, quando na versão anterior era da exclusiva responsabilidade do coleccionador. Como diria o Principe Salina, é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma !
Estas alterações de pormenor, que estavam cozinhadas desde Maio passado, aguardaram o início das férias para ser dadas a conhecer, procurando dar um aspecto mais aceitável a um projecto de entrega a um privado de um bem valioso – o antigo Celeiro Comum, e o financiamento público – sendo que o projecto privado do tal Museu de Design continuará a ser financiado por dinheiros públicos até que se revele sustentável, o que, convenhamos, não se afigura nada fácil.
Tinhamos chamado a atenção, em escrito anterior, para o prolongado silêncio da Comissão Municipal de Arte, Arqueologia, e Defesa do Património. Esta importante e prestigiosa entidade, que deveria reunir todos os meses para se pronunciar sobre os aspectos mais im- portantes da defesa do património da nossa Cidade, estava desde Março sem reunir, e era normalmente atribuída a sua não convocação ao incómodo que poderia ser para a maioria PS-PSD que tinha votado o Protocolo com o coleccionador Paulo Parra a apreciação isenta desse projecto pelas vozes autorizadas dos membros da Comissão.
E assim foi. Convocada para o dia anterior ao da deliberação camarária sobre a segunda versão do Protocolo, a Comissão Municipal de Arte, Arqueologia, e Defesa do Património fez uma crítica cerrada e impiedosa do projecto de liquidação do Museu do Artesanato, e tomou conhecimento do parecer negativo que a Direcção Regional da Cultura do Alentejo enviou a este respeito ao Instituto Português de Museus. A presença do coleccionador na reunião não teve qualquer efeito para tornar menos incisivas as críticas dos membros da Comissão.
Depois de mais esta crítica pesada, o que se seguirá neste processo insensato ? Na Quinta-feira,15, reúne a Assembleia Geral da Entidade Regional do Turismo do Alentejo, tendo na sua Agenda a apreciação deste caso. Tudo parece ter sido articulado entre os Presidentes desta organização e da Câmara de Évora, para que na modorra da “silly season” das férias do Verão este assunto incómodo seja fechado, para proveito do coleccionador Paulo Parra, esbanjamento de dinheiros públicos e menosprezo pela cultura e pelos valores identitários da nossa Cidade e do Alentejo.
Mas há ainda há outras pontas soltas, dado que a entidade proprietária do Celeiro Comum ainda não deu o seu acordo para a mudança do contrato de arrendamento, e a entidade gestora do Quadro Comunitário de Apoio não autorizou a mudança de uso dos financiamentos comunitários que foram concedidos para a vultosa recuperação do edifício e instalação do Museu do Artesanato.
O processo ainda não está encerrado.



Eles ainda não conseguiram matar o Museu do Artesanato !

João Andrade Santos in Semanário Registo 15 Julho 2010

www.registo.com.pt

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