quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Évora - Centro de Artes Tradicionais de portas fechadas

O espaço onde funcionou o Centro de Artes Tradicionais (CAT) agora destinado ao Museu do Design e do Artesanato - «Colecção Paulo Parra», está de portas fechadas. Quem o garante é Tiago Cabeça, da Associação Perpetuar Tradições, entidade que tem a decorrer uma queixa junto da Comissão Europeia (CE) contra o encerramento do antigo espaço. A Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e a autarquia de Évora permanecem em silêncio. Ana Clara | segunda-feira, 24 de Outubro de 2011 In Café Portugal Tiago Cabeça, da Associação Perpetuar Tradições, faz ao Café Portugal um ponto de situação sobre o encerramento do Centro de Artes Tradicionais e garante que «o alegado Museu do Artesanato e Design, tanto quanto sabemos, ainda não abriu, nem tem data de abertura prevista ou, pelo menos, conhecida». Entretanto o processo que aquela associação desencadeou junto da CE «continua os seus trâmites», uma acção que se insurge contra o encerramento do antigo CAT e que irá «destruir um projecto de preservação da nossa memória colectiva». Em causa, argumenta, está a alegada «violação da regulamentação comunitária e nacional em matéria de duração de vida dos empreendimentos financiados com fundos comunitários». «Em resposta a um pedido de informações da nossa parte à CE foi-nos respondido que decorria até há poucas semanas o prazo para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), entidade responsável pela aplicação local daqueles fundos europeus, alegar de sua justiça», informa Tiago Cabeça. O responsável insiste nas críticas e realça que «num contexto de gravíssima crise económica e social como a que vivemos no nosso país, seria no mínimo uma grande insensibilidade a Câmara Municipal de Évora e a Entidade Regional de Turismo do Alentejo colocarem às costas do contribuinte as despesas de um “Museu” privado que poderão ascender a mais de um milhão de euros». E adianta: «Cremos que uma posição inteligente e racional, mesmo do ponto de vista do contribuinte, seria recolocar tudo como estava antes no CAT e deixar este privado encontrar, e pagar, um museu que lhe agrade onde lhe agrade». Por tudo isto, Tiago Cabeça considera que «se deviam chamar associações de defesa do património, de artesãos, culturais e de cidadãos interessados na sua cultura e história e com estes continuar o projecto do CAT, melhorando-o». O dirigente da Perpetuar Tradições refere que «esta é uma altura de trabalharmos em conjunto na defesa daquilo que nos distingue e valoriza e não o seu contrário». «De outra forma também poderemos colocar a questão: qual a legitimidade de destruir a memória e o património público desta forma? Como devemos responsabilizar quem o faça?», questiona. Recorde-se que a decisão da localização do novo museu do design, aprovada em reunião pública de câmara de Évora (PS) em Abril, mereceu contestação dos defensores da preservação de um espaço que acolhe o acervo de artesanato da Entidade Regional de Turismo. O edifício, no centro de Évora, gerido pelo Turismo do Alentejo e fruto de uma parceria entre a ERT Alentejo, a Câmara de Évora e o coleccionador Paulo Parra, tem como finalidade acolher o museu de design, e, segundo os responsáveis, tem como objectivo a coexistência dos dois espólios e das duas actividades. A «Perpetuar Tradições», criada há cerca de um ano, assume-se como a voz da defesa do artesanato alentejano e apoia-se na luta contra o «fim» do CAT em Évora. O Café Portugal tentou obter mais pormenores junto da Câmara de Évora e da ERT Alentejo, mas até ao momento não conseguimos obter resposta de ambas as entidades.