segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Prémio: Ainda bem, senão é que estavamos tramados...

"Era meu colega na Universidade mas eu nem o conhecia..."

Claudia Pereira, vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora
in Radio Diana a 5 de Abril de 2010,
sobre a sua eventual relação com o colecionador privado de design.

Prémio: O resto será o Génio da lâmpada...

"A Câmara vai apoiá-la (a proposta do Museu de design privado) com uma pequena intervenção inicial de execução interna, o transporte das peças, um funcionário e apoio logístico,(...) num prazo nunca superior a 10 anos."

Claudia Pereira, vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora
In Café Portugal 27 Dezembro 2010

Obrigações estabelecidas por protocolo

Segundo protocolo do putativo Museu de Artesanato e design entre a Câmara, o Turismo do Alentejo e o Colecionador

Obrigações da Câmara Municipal de Évora
Adaptação de espaço.
Mobiliário
Impressão de material de divulgação
Sustentabilidade económico financeira (durante dez anos)
Um funcionário
Despesas de seguro
Despesas de segurança activa
Despesas de segurança passiva
Apoio impressão de suportes de divulgação gráfica
Apoio impressão de suportes de divulgação digital
Apoio impressão de suportes de divulgação bilheteira
Apoio com equipa de montagem e desmontagem de exposições
Apoio técnico de processos de candidaturas financeiras
Água
Luz
Transportes
Divulgação em suportes da Câmara
Obrigações do Turismo do Alentejo
Obras
Mobiliário
Espaço
Equipamento
Pessoal técnico
Limpeza
Apoio técnico a processos de candidaturas
Divulgação electrónica
Divulgação gráfica
Renda do espaço ao estado
Obrigações do colecionador
Apoio à instalação da sua colecção
Cedência de equipamento
Custo de telecomunicações
Gestão da colecção
Gestão de 2 quadros superiores em design (não especifica quem os pagará)
Gestão dos fundos de aquisições (não especifica de onde serão provenientes estes)

Prémio: Afinal talvez tenha sido ideia nossa lá na Câmara...

(Claudia Pereira vereadora da Câmara Municipal de Évora...) Adianta que o projecto museológico para o novo Museu chegou-lhe às mãos em Novembro de 2009, tendo, na altura, reunido com o Presidente da ERTA, Ceia da Silva, propondo aquele espaço do Celeiro Comum para a sua instalação.

In Café Portugal 27 Dezembro 2010

Évora - Futuro do Centro de Artes Tradicionais continua envolto em polémica

Estava previsto abrir as portas no Outono de 2010. Mas o novo Museu do Design e do Artesanato - «Colecção Paulo Parra», situado no espaço onde até agora funcionava o Centro de Artes Tradicionais (CAT), no antigo celeiro comum, continua fechado, devido ao arrastamento do processo e ao atraso nas obras. Entretanto, surgem alegadas contradições denunciadas pela «Perpetuar Tradições», associação de defesa do artesanato do Alentejo. A autarquia de Évora responde às acusações, pela voz da vereadora da Cultura, Cláudia Pereira.

Ana Clara Café Portugal | segunda-feira, 27 de Dezembro de 2010

A polémica levantada pela «Perpetuar Tradições» surge na sequência das declarações da vereadora da cultura da Câmara de Évora (CME), Cláudia Pereira, à Antena 1 em Outubro passado, quando a edil afirmou que a ideia de transformar o Centro de Artes Tradicionais em Museu do Design não partiu do município mas da Entidade Regional de Turismo do Alentejo (ERTA) e do coleccionador, Paulo Parra.

Tiago Cabeça, membro daquela associação, considera que tais declarações são de «uma estranha leveza, pela irresponsabilidade política de quem deveria velar pelo bem público, patrimonial e cultural».

«Bastará um privado bater-lhe à porta e pedir um edifício público para o ter? Sem concurso público? Sem estudos ou razões de fundo que o justifiquem? Parece que existe na Sr.ª vereadora `a convicção` que Évora se tornará uma ´Capital internacional do design`. Chegará isso?», questiona o responsável.

E acrescenta que a vereadora da Cultura da CME «alegou não ter dinheiro para manter o Centro de Artes Tradicionais ,antigo Museu de artesanato de Évora, que existe desde 1962, e a que estava dedicada uma funcionária apenas, mas propõem-se sustentar o putativo museu de design privado com um rancho dependente de cerca de uma dezena de pessoas».

Tiago Cabeça afirma que, a ser verdade que a ERTA, «num primeiro momento, se aproximou da autarquia de Évora no sentido de pedir auxílio para manter e prosseguir o projecto do Centro de Artes Tradicionais, e a câmara liminarmente o recusou, mostraria que o desprezo pela nossa cultura, história e tradição, bem como pelo dinheiro dos contribuintes, parte justamente da Câmara».

E vai mais longe, deixando a dúvida no ar: «se a condição de manter aquele espaço passa pela aniquilação do projecto do artesanato e sua substituição pela colecção privada de design industrial do século XX, daquele coleccionador, coloca-se-nos a questão: porquê?».

Tiago Cabeça recorda ainda que este novo espaço terá entre outras despesas (garantidas pela Câmara) cerca de uma dezena de pessoas a trabalhar. «Dificilmente a CME, considerando as graves dificuldades económicas que têm vindo a público, terá capacidade de o sustentar», garante, lembrando que para garantir a sua «alegada auto-sustentabilidade, numa estimativa optimista, necessitaria de mais de seis ou sete milhares de visitantes por mês. Seria difícil».

«Sobretudo porque quem procura o Alentejo certamente não procura Design Industrial do século XX. Restaria ser o próprio coleccionador a manter esse batalhão de gente e custos», sugere.

Vereadora responde
O Café Portugal contactou a vereadora da Cultura da autarquia de Évora, Cláudia Pereira, no sentido de perceber o que de facto se passou. A autarca começa por explicar que o espaço do Celeiro Comum, como é conhecido o edifício onde estava o Centro de Artes Tradicionais e onde se propõe instalar o Museu do Design é da tutela da ERTA.

«O coleccionador Paulo Parra deu a conhecer a Évora, no espaço municipal da Igreja de S. Vicente, em Julho de 2009, parte da sua colecção. São estes os três vértices desta relação», diz.

Adianta que o projecto museológico para o novo Museu chegou-lhe às mãos em Novembro de 2009, tendo, na altura, reunido com o Presidente da ERTA, Ceia da Silva, propondo aquele espaço do Celeiro Comum para a sua instalação.

«Nesse mesmo espaço reuni, pela primeira vez, em Dezembro de 2009, com o coleccionador e esclareci qual a intervenção a ser feita bem como a articulação entre o espólio existente e o novo espólio. Tendo aceite a proposta, esta foi levada a duas instâncias: à Comissão de Arte, Arqueologia e Defesa do Património, com apresentação do projecto museológico pelo coleccionador, e cuja deliberação tem carácter consultivo, pode apenas dela ser porta-voz quem a preside, ou seja a vereadora da Cultura, e é utilizado como parecer pelo executivo da CME», explica.

Nos termos da lei, salienta, foi levada a reunião pública de Câmara, em forma de protocolo, onde foi aprovada: «a proposta é exterior à CME e optou a CME por considerá-la uma mais-valia para o Concelho e apoiá-la com uma pequena intervenção inicial de execução interna, o transporte das peças, um funcionário e apoio logístico, num compromisso que durará até que o Museu tenha auto-sustentabilidade e nunca num prazo superior a 10 anos, uma novidade em protocolos assinados no passado entre a CME e outras entidades».

Atrasos
Sobre os atrasos da abertura do Museu, previsto para o Outono deste ano, Cláudia Pereira admite que o processo se arrastou «devido à necessidade de haver autorizações e pareceres para se proceder à alteração pelo Turismo do Alentejo do uso daquele espaço». Além disso, «pelo facto de se necessitar de algumas obras por parte da ERTA o que tem procedimentos a cumprir, o espaço encontra-se ainda encerrado». «Só depois desta intervenção serão feitas as intervenções pela CME: transporte das peças e instalação das vitrines», realça.

A vereadora sustenta ainda que neste espaço, para além dos dois acervos – o do artesanato e do design industrial, «ambos caracterizados por produções em série que aliam a forma à função, com uma preocupação estética que os torna objectos dignos de serem expostos e apreciados» – o coleccionador privado investirá «naquilo que é o mais caro em qualquer parte do mundo: pessoas qualificadas para tirarem mais e melhor partido daqueles objectos; haverá também um espaço de biblioteca sobre artesanato e design industrial; planificam-se intercâmbios entre este e outros museus de artesanato e de design internacionais com circulação de espólios».

«Não só Évora e o Alentejo ficarão a conhecer e a dar a conhecer objectos congéneres aos que estarão expostos, como os objectos originais do Alentejo serão levados a outras partes do Mundo», refere.

Por fim, Cláudia Pereira recorda que «a riqueza da dinamização de um espaço é essa mesma, tal como o que é interessante na salvaguarda da atractividade das manifestações culturais, como são as peças de artesanato e os objectos de design industrial, para além do seu estudo “arqueológico”, que as insere no seu tempo de origem refazendo a sua “biografia”».

Contactado pelo Café Portugal, Ceia da Silva, presidente da ERTA, não quis falar sobre o assunto, alegando que «falará na altura própria» sobre a polémica.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Durmo perfeitamente à noite com esta decisão"

Claudia Pereira vereadora da Câmara Municipal de Évora em entrevista à Radio Diana em 5 Abril 2010

Edição de imagens do CAT Museu de Artesanato por Miguel Sampaio

sábado, 18 de dezembro de 2010

O mistério adensa-se

"Esta ideia (de transformar o museu publico de artesanato de Évora em museu de design privado) não partiu da Câmara Municipal de Évora, partiu do Turismo do Alentejo e do colecionador" ...
Claudia Pereira
Vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora em entrevista à Antena 1, 26 Outubro 2010


Diz-nos um passarinho, que esvoaçou próximo do Turismo do Alentejo, que de facto, num primeiro momento, esta entidade pediu ajuda à Câmara municipal de Évora para manter o Centro de Artes Tradicionais antigo Museu de Artesanato, mas a Câmara terá recusado. Só mais tarde, aparentemente, a autarquia teria reconsiderado colocando, no entanto, a condição: ou é Paulo Parra e Museu de Design, ou não é nada.

Será verdade?... E a ser quem gostará mais de design industrial do século XX?... O senhor Presidente da Câmara? A senhora vereadora da cultura?...
Como em todas as boas estórias de detectives cá ficaremos a aguardar os próximos capitulos...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Museu de Arte Popular reabre hoje para contar a sua própria história





Ana Dias Cordeiro In Publico 13 de Dezembro de 2010


O caminho do Museu de Arte Popular, em Lisboa, tem sido feito de avanços e recuos. Fechou em 2003 e esteve para não reabrir. Um movimento cívico deu-lhe nova vida. Mas por agora é uma vida parcial


Por agora, será uma reabertura apenas parcial do Museu de Arte Popular (MAP) com a inauguração esta tarde de Os Construtores do MAP - Um Museu em Construção. A exposição contará a história do próprio museu lisboeta e explicará como nasceu a colecção e quem foram os arquitectos, artistas e pensadores envolvidos na sua criação. Depois da exposição, cujo fim está previsto para Maio do próximo ano, a data para a reabertura definitiva do museu continua ainda incerta.

Um ano? Dois? A directora do MAP, Andreia Galvão, não faz previsões. Nomeada há um ano, quando saiu da subdirecção do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), a arquitecta diz que a instalação e inventariação completa da colecção, actualmente guardada no Museu de Etnologia, também em Lisboa, "é um trabalho titânico" que, não duvida, se fará, mas com tempo. "Há um trabalho de estudo, conservação, restauros, instalação, que é um trabalho de fundo que o museu tem [ainda] de fazer", explicou ao P2.

Foi nisso que começou a envolver-se ao mesmo tempo que foi pondo esta exposição de pé, para garantir que não havia mais atrasos num processo feito de avanços e recuos: em 2006, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou o fim do MAP e a decisão de acolher no mesmo espaço o Museu da Língua; no ano passado, a actual responsável pela pasta, Gabriela Canavilhas, garantiu que o museu era para manter e que abriria, com certeza, em 2010. Essa garantia seguiu-se ao movimento cívico que juntou nomes como o do crítico de arte Alexandre Pomar e o da empresária Catarina Portas e resultou numa petição contra o encerramento definitivo do museu, fechado em 2003 por falta de condições do edifício.

"Abrir um museu que estava em rota de encerramento já foi um passo de gigante", diz Andreia Galvão, sobretudo devido à "índole da própria colecção, que é claramente de época e de um coleccionador que era o Estado Novo", continua. "É uma colecção completamente híbrida na sua forma de construção porque resulta de uma recolha feita quer por artistas, como [Carlos] Botelho, Tom [Dom Tomás de Melo], e outros, quer por etnógrafos, como Francisco Lage ou [Luís] Chaves."

Expressão do modernismo

A poucos dias da inauguração da exposição, berbequins e outras máquinas ultimam as obras junto ao átrio de entrada onde, intacto, está o mural que representa Portugal, numa síntese do que se pode ver nas restantes salas: as regiões administrativas pintadas em grandes painéis por Paulo Ferreira, Tom, Manuel Lapa, Estrela Faria, Botelho, Eduardo Anahory. Esta é a parte restaurada. A outra metade do edifício entrará em obras brevemente.

Estas pinturas são expressão do movimento modernista português, que fascinou António Ferro, um progressista dentro do Estado Novo que fundou o Museu de Arte Popular. Director do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), mais tarde Secretariado Nacional de Informação (SNI), Ferro travou duras batalhas contra os conservadores do regime em defesa da arte moderna.

Mais do que mostrar peças da colecção - haverá muito poucas - a exposição conta a história do museu porque é isso que é possível fazer neste momento: "É uma história de modernos, vanguardistas, de um Ferro futurista, companheiro destes arquitectos e artistas. Estamos a contar a história desta gente", diz Andreia Galvão.

A partir de hoje, Os Construtores do MAP revelam também as várias fases por que passou este edifício frente ao Tejo, que começou por ser um dos pavilhões (sem janelas) da Exposição do Mundo Português, em 1940, organizada para festejar as datas da fundação do país (1140) e da restauração da independência (1640) e que foi expressão do espírito nacionalista da época. Depois chegou a ser armazém da Cruz Vermelha durante a Segunda Guerra Mundial e esteve para ser o Museu do Povo, abrindo em 1948 com o nome que manteve até hoje.

"Foi um museu mal-amado, não-compreendido e não-interpretado", diz a directora, sobretudo logo a seguir ao 25 de Abril. Esteve várias vezes para ser fechado, nos anos 70 e 80. Foi considerado um "museu fascista", mas, na verdade, defende a arquitecta, com produção "de grande qualidade". "E não só nos murais, [também] nas artes decorativas, na museografia", explica. "Este museu é um museu de comunicação", pensado para mostrar ao mundo o que é Portugal.

Passaram 60 anos e o MAP nunca entrou na lista de museus a remodelar, ficou intacto: "Em parte, a sorte deste museu tem a ver com isso - mantém-se como documento."

Para o interior, voltou agora a cor de origem, "casca de ovo", "com uma doçura que tem muito mais a ver com a terra" do que o branco que durante anos cobriu as paredes.

Em grande parte, o MAP de hoje é, aliás, o MAP de 1948. "Este museu nunca pode renegar o espírito daquele tempo. Porque está cá, está no espaço."

domingo, 12 de dezembro de 2010

Prémio: faz como eu digo não faças como eu faço

"O que hoje se pede é a diferença, o que é distinto e único, aquela riqueza que faz do território algo raro.
Alentejo, turismo e identidade"


Ceia da Silva - Presidente do Turismo do Alentejo
2 semanas depois de encerrar o Museu Público de Artesanato de Évora para no lugar fazer um Museu Privado de Design Industrial, a pagar pelo contribuinte.

in Público 12 de Dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Embaixada da solidariedade à reabertura do Museu de Arte Popular em Lisboa

Segunda feira 13 de Dezembro
18h
MUSEU DE ARTE POPULAR - Lisboa


Caros amigos

Reabre na próxima segunda feira dia 13 às 18h o MUSEU DE ARTE POPULAR em Lisboa, que esteve encerrado para, num processo semelhante ao do nosso CAT, vir a ser convertido noutro espaço.

Foi justamente um movimento de cidadãos que conseguiu impedir esse encerramento e segunda feira, com a presença da Ministra Gabriela Canavilhas, o Museu de Arte Popular reabre ao público.

Nesse sentido estamos a organizar uma “Embaixada de solidariedade” por parte da Perpetuar Tradições e do Centro de Artes Tradicionais antigo Museu de Artesanato de Évora à reabertura do Museu de Arte Popular. Vamos partilhar a nossa experiencia e conhecer a experiencia de outros. Vamos continuar a denunciar este verdadeiro crime.

Deixamos o convite a quem queira integrar esta embaixada connosco.

Informamos também que continuamos os nossos esforços, em várias frentes, para denunciar e tentar impedir o encerramento do CAT Antigo Museu de Artesanato de Évora


A Direcção:

Tiago Cabeça
Carmelo Aires
Andrade Santos
Miguel Sampaio
Celso Mangucci

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Comissão Coordenação Região Alentejo não recebe emails da Perpetuar Tradições

Desde o passado dia 26 de Novembro que a Comissão Coordenação da Região Alentejo (CCDRA) aparentemente não recebe correio electronico da Perpetuar Tradições associação de defesa do Artesanato do Alentejo.

Os membros desta associação já se viram obrigados a encaminhar correspondencia - relativa ao Centro de Artes Tradicionais, antigo Museu de Artesanato de Évora - pela tradicional via postal, registado e com aviso de recepção, pois todas as missivas sobre este assunto, dirigidas ao Presidente daquela entidade João de Deus Cabral Cordovil aparentemente nunca lhe chegavam, fossem para os endereços institucionais fossem para os pessoais do seu secretariado.

Relembramos que a CCDRA é a entidade que tem por obrigação regular e fiscalizar subsidios europeus utilizados no Alentejo, justamente como os que foram utilizados, há apenas dois anos, na recuperação do Centro de Artes Tradicionais, Antigo Museu de Artesanato de Évora, encerrado há 2 semanas para ser convertido em Museu de Design de um privado.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O ARTESANATO, A MEMÓRIA E A FELICIDADE (3)

Por Francisco Martins Ramos

Como se sabe, o artesanato enriquece a oferta turística, mediatiza o contacto de culturas, cria postos de trabalho, ocupa os mais velhos, gera riqueza e alimenta a dinâmica da mudança, colocando em saudável confronto o passado e o presente.
Os artefactos são um produto que se inscreve naquilo que se entendeu denominar por turismo cultural, embora todo o turismo seja cultural. De facto, os produtos culturais e as atracções desempenham um importante papel turístico a vários níveis, desde a divulgação global da cultura, às acções que enfatizam as identidades locais (Mbaiwa 2004). Na realidade, o conceito totalizante de cultura compreende o que as pessoas sabem e pensam (conhecimentos culturais), como as pessoas se comportam e reagem (comportamentos culturais) e o que as pessoas fazem e manufacturam (artefactos culturais).
O turismo cultural é uma modalidade que se centra, justamente, nos recursos culturais. Ora, os recursos culturais não se limitam aos monumentos, às comunidades e sítios, ao património construído ou aos mitos e lendas. Dizem respeito também aos estilos de vida, às práticas habituais e às actividades passadas e às recentes que sobreviveram e se adaptaram.
O “empowerment” dos produtores de artesanato através da salvaguarda das técnicas tradicionais, da adaptação de técnicas inovadoras (principalmente as que aliviem o esforço físico dos artesão), do empreendedorismo e da utilização de práticas de boa gestão são mecanismos que contribuem seguramente para o sucesso económico do turismo cultural. Trata-se efectivamente de, pela via da cultura, chegarmos à economia.
Aquando da inauguração do Centro de Artes Tradicionais - Museu do Artesanato, em Évora, afirmei que tal projecto demonstrava a riqueza caleidoscópica do artesanato alentejano. Iniciativa de qualidade total, aquele momento marcou um episódio histórico para o enriquecimento da oferta turística eborense e alentejana. A batalha sinuosa que foi necessário travar para a concretização daquela obra só nos pode dar satisfação porque foi uma batalha vencida.
Espaço cultural por excelência, aquele museu corporizou o casamento entre a tradição e a inovação tecnológica, numa afirmação contemporâneo dos mais avançados instrumentos museológicos. O Museu do Artesanato de Évora é, como foi dito na sua inauguração, “a devolução à cidade e ao Alentejo” duma parte do seu património.
Invadir o território de um museu temático existente, descaracterizar uma realidade coerente na sua afirmação sócio-cultural, histórica e identitária, amputar um espaço artesanal por interesses de conveniência, misturar traços culturais com afirmações de modernidades de natureza diversa e antagónica é um crime de lesa-cultura, uma afronta ao legado que nos foi deixado e uma armadilha envenenada à idiossincrasia alentejana. Apetece recordar Sophia: “Eles sabem muito e não percebem nada”.
Parafraseando mais uma vez Sommier (1984), posso concluir afirmando que o artesanato é como a felicidade - só no momento em que desaparece é que damos conta do seu valor. Para aquele artesanato que não resiste ao progresso da sociedade, nada melhor do que mantê-lo preservado, protegido e higienizado pela dignidade museológica de origem.

Bibliografia
MBAIWA, Joseph
2004 “Prospects of Basket Production in Promoting Sustainable
Rural Liveliwoods in the Okavango Delta, Botswana”, International Journal of Tourism Research 6: 221-235
RAMOS, Francisco Martins
2007 Breviário Alentejano, Vale de Cambra: Caleidoscópio
SOMMIER, Gilbert
1984 Presente y Futuro de las Artesanías en la Sociedad
Industrial, Madrid: Ministerio de Industria y Energia

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O ARTESANATO, A MEMÓRIA E A FELICIDADE (2)

Por Francisco Martins Ramos

O artesão alentejano (que é o que nos interessa, de momento) afirma-se embrionariamente e potencia-se no longo período medieval e tem a sua época de ouro a partir do Renascimento. Um pouco como aconteceu por toda a Europa. Os trabalhos artesanais e de manufactura doméstica, actividade acessória da agricultura, que em si mesma constitui a base do processo, condicionam o modo de produção em que assenta, quer na Antiguidade, quer na Idade Média europeia, a economia natural.
Assim, a nível económico, a actividade artesanal permitia e permite a reunião de factores de produção num mesmo agente económico independente e fomentava a pluriactividade; ao nível técnico destaca-se a possibilidade de execução pelo mesmo indivíduo de operações que integram a totalidade ou a maioria do processo produtivo; a nível artístico permite a expressão de sentimentos estéticos, de origem essencialmente popular, mas também erudita; a nível intelectual, o artefacto consubstancia e reflecte o predomínio de factores psicológicos sobre os factores mecânicos, no processo da manufactura e produção.

A situação actual da actividade artesanal é diversa: de modo geral podemos afirmar que os ofícios artesanais colaboradores ou complementares da indústria (metais, electricidade, mecânica), não enfrentarão tão cedo problemas de sobrevivência; outras tarefas artesanais encontram-se numa posição intermédia, dependendo da oscilação do poder de compra e do nível de vida das populações. Encontram-se nesta situação os artífices da área da alimentação, dos serviços, da construção e os ofícios que dependem das modas e até de posicionamentos ecológicos (os chamados neo-artesãos de extracção urbana, mas de horizontes rurais). Finalmente, existem actividades artesanais que vão fatalmente desaparecer ou que já se extinguiram silenciosamente.

É neste sentido que a musealização dos artefactos desaparecidos ou em vias de extinção desempenha um papel crucial na salvaguarda da memória colectiva, na transmissão dos saberes tradicionais às novas gerações e na compreensão do passado, recente ou distante. Os designados Museus Rurais, Museus do Artesanato, Museus Agrícolas, Museus de Aldeia, Museus Etnográficos, etc., aí estão a atestar e a legitimar as raízes locais e regionais, os estilos de vida dos quotidianos da autenticidade vivida, dolorosamente marcada, nuns casos, e eleita como referência identitária, noutros.

Entretanto, é bom não esquecer que muitas das práticas artesanais são caracterizadas por grande fragilidade e vulnerabilidade; pertencem a sectores marginais da vida económica; enfrentam dificuldades na obtenção de créditos; possuem dimensões reduzidas e, last but not the least, as necessidades às quais correspondiam muitos ofícios artesanais desapareceram ou definham. Os exemplos proliferam, nomeadamente os ligados ao sector primário e ao mundo da ruralidade: cardadores, ferreiros e ferradores, alfaiates e modistas, latoeiros, padeiras e forneiros, almocreves, cesteiras, taberneiros, amola-tesouras, carreiros, bordadeiras, sapateiros, abegões, funileiros, chocalheiros, cadeireiros, etc.

É certo que a procura das raízes artesanais e as inúmeras iniciativas em acção procuram camuflar suavemente situações de desemprego. Mas ao mesmo tempo, e acima de tudo, a solução artesanal é, justamente, uma procura do tempo perdido e um regresso às origens. Num mundo de mudanças tecnológicas crescentes, num universo de velocidades, stress e ritmo acelerado, o recurso à obra artesanal é o retomo do homem às formas mais puras e naturais da estética popular, é o encantamento das coisas simples e utilitárias, é o prazer da ligação do artista com o produto do seu trabalho, que se pode sintetizar na expressão "o artefacto é obra do artífice". Num mundo de mudanças também sociais, o recurso à obra artesanal é o retorno do Homem às formas mais singelas de arte, é a procura da autenticidade perdida, é a aventura da descoberta sentimental da cumplicidade do artesão com o produto do seu trabalho. A globalização, a que gera uniformidades, provoca certamente a homogeneidade cultural que desejamos evitar, salvaguardando aquilo com que nos identificamos há gerações.

Bibliografia
RAMOS, Francisco Martins
2007 Breviário Alentejano, Vale de Cambra: Caleidoscópio

SOMMIER, Gilbert
1984 Presente y Futuro de las Artesanías en la Sociedad Industrial, Madrid:
Ministerio de Industria y Energia

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O corpo sangrento...do Alentejo

É do conhecimento de filósofos e historiadores ou de quem estudou e não esqueceu os seus ensinamentos, que as sociedades saídas do “ódio” (fruto da ignorância) ao tradicional, às raízes ancestrais defendendo com orgulho bacoco a “modernidade”, assinalam-se em grande parte por carradas de imoralidades desoladoras, onde a vida das raízes culturais mais ancestrais e as instituições suas defensoras valem menos do que pequenas ambições inexplicáveis ou, às vezes, caprichos passageiros...
O “corpo sangrento” do «Centro de Artes Tradicionais», uma vez encerrado pela Câmara Municipal de Évora, com a conivência da instituição de Estado denominada «Turismo do Alentejo», lança uma sombra que entenebrece por completo um Presidente de Câmara Municipal filho do Alentejo e, portanto, do mundo rural e tradicional mais característico, isto é, um cidadão oriundo da vila de Cuba, talvez uma das vilas alentejanas onde a tradição ligou o “cante” , o artesanato e formas de sociabilidade específicas, de forma mais conseguida!
Será que alguns alentejanos instalados no Poder de Estado (Autarquias e instituições disto e daquilo), começaram agora a ter vergonha das suas raízes, da sua terra-mãe?! Será que agora, manifestando escandalosa indiferença pelas origens, há uma classe de gente que julga que o design industrial, os desfiles de moda (afinal de contas de quem não sabe atar as ligas!), o servilismo bezunta de um “turismo” desgastado face ao estrangeiro, e outras mecanizadas e electrónicas patetices pós-modernas, é que nos trazem “consideração” internacional e respeitabilidade cultural?!
Esta gente não é de “direita”, do “centro” ou de “esquerda”! Esta gente não é parecida com nada!!!
O Alentejo está de luto!
Fecharam o «Centro de Artes Tradicionais»... como quem acintosamente sabe que está a “renegar a mãe”... de que têm “vergonha”! Como quem sabe que está a dizer que “tem vergonha” das suas raízes rurais!
Que obscenidade estes alentejanos! Que Deus lhes perdoe o mal que andam a fazer ao Alentejo!
O Alentejo está de luto!

Palminha da Silva in A defesa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O ARTESANATO, A MEMÓRIA E A FELICIDADE (1)

Por Francisco Martins Ramos In Diário do Sul 24 de Novembro de 2010
Antropólogo, Professor Emérito da Universidade de Évora


Uma certa massificação de apoios ao artesanato nacional - por vias autárquicas, empresariais e da União Europeia - já conduziu a situações caricatas de concorrência inesperada: em feiras internacionais, tapetes em ponto de Arraiolos, feitos por mãos tristes e pobres de mulheres filipinas, chinesas e brasileiras, surgem por menos de metade dos nossos preços. Parece que a moda não vai ter continuidade: as artesãs filipinas, chinesas e brasileiras precisam muito do pão para a boca, mas não possuem a tradição cultural que lhes permita a assimilação do bordado arraiolense. É um fenómeno contra a natureza das suas culturas.

A actividade artesanal, elemento essencial das sociedades pré-industriais, vê-se confrontada, nos dias que correm, com os desafios que as fantasias de uma certa pós-modernidade lhe impõem. Nestes breves apontamentos, tentarei focar aspectos importantes dessa problemática face às encruzilhadas do futuro. Antes disso, porém, tornam-se necessárias algumas considerações preliminares que nos ajudem a compreender melhor a questão em causa.

A sedimentação cultural do homem alentejano foi um processo moroso, progressivo e relativamente recente. Tão recente como o povoamento sistemático do sul do País. Para além disso, a identidade cultural do Homem transtagano está amalgamada (como Português - produto cultural), através de contributos e inputs variados como o greco-latino, o indo-europeu, o árabe e o judaico, num processo que acaba por solidificar tardiamente.

O artesão produz, possui propriedade sobre o produto do seu trabalho e sobre o seu instrumento (!!). Para além da importância destes aspectos jurídicos, outra ordem de factores é determinante para a afirmação artesanal: questões económicas, artísticas, intelectuais e culturais.

Os artefactos são objectos de vida gerados por dedos dóceis ou por mãos habilidosas e calejadas por trabalhos doutros tempos, que sabem dar forma estética e prática ao embaraço que a imaginação do artesão sabe domesticar.
A transferência do carácter utilitário da obra produzida para funções estético-decorativas não deixou também de provocar uma machadada no fluxo artesanal que passou do campo da necessidade para a área do desejo e do estético, muito condicionada economicamente pela situação do comprador.
Apesar da tardia industrialização portuguesa e da fraqueza do processo a nível da região Alentejo, há uma vintena de anos apenas as mantas de Reguengos, os pratos do Redondo e de São Pedro do Corval e os tapetes de Arraiolos tinham ultrapassado (e mal) as fronteiras da vulgaridade.

Mas o artesanato tem sobrevivido num país rural como o nosso, apesar da abundância de factores conducentes à sua morte. Somos um país de artesãos, a vários níveis. O que parece o gracejo da metáfora (que o é) tem raízes profundas na nossa periferia cultural, intelectual e tecnológica.

No Alentejo o artesanato é, ainda, uma fonte inesgotável, de acordo com a disponibilidade e riqueza dos materiais, as necessidades impostas pela vida rural (e urbana) e a criatividade dos artífices. Numa região onde a ruralidade é um valor, o Alentejo gerou a manutenção de produtos artesanais ligados ao sector primário; por isso, algumas profissões tradicionais chegaram até aos nossos dias, nomeadamente na sua vertente utilitária. Em contra-partida, a normalização industrial, o fabrico em série, a redução dos custos de produção e o desenvolvimento tecnológico acabaram por sufocar as actividades complementares da agricultura, que perderam utilidade e funcionalidade.

A situação agonística de algum artesanato é bem ilustrada pelo desabafo de um septuagenário cesteiro alentejano, que já só faz cestos “quando está triste, quando tem saudades dos filhos e quando a mulher o amola”.
Cada artefacto é uma obra-prima que legitima a mestria do artífice, de braço dado com a sua imaginação, na aventura do belo, privilegiando a função utilitária ou decorativa, aqui e além jogando com a integração tecnológica e traduzindo-se em incorporação pessoal e afirmação afectiva.

É uma realidade indesmentível que a magia artesanal se encontra, se molda, se esconde, se desenha, se tece, se afaga e se burila nas mãos e nos pensamentos dos mais velhos. Estes, que constituem, afinal, a fonte de toda a cultura tradicional, são o elo de ligação com outras gerações, não apenas para matar saudades e encher os manuais de nostalgias, mas como verdadeiros transmissores de saberes antigos, que se actualizam permanentemente e que é preciso guardar no coração da identidade alentejana.

Parafraseando muito a propósito Sommier (1984), posso concluir afirmando que o artesanato é como a felicidade – só no momento em que desaparece é que damos conta do seu valor.


Bibliografia

RAMOS, Francisco Martins
2000 “Cestaria”, “Pedra”, “Metal”, Artesanato da Região
Alentejo, Lisboa: IEFP
1998 “Artes e Ofícios”, Guia da Oferta Turística da Região de
Turismo de Évora, Évora: RTE

SOMMIER, Gilbert
1984 Presente y Futuro de las Artesanías en la Sociedad
Industrial, Madrid: Ministerio de Industria y Energia

sábado, 20 de novembro de 2010

Vem aí o museu da vergonha.

Museu de artesanato de Évora encerrou.

O museu de artesanato de Évora, que existia desde 1962 e que foi alvo de remodelação há apenas dois anos, com mais de um milhão de euros pagos pelo contribuinte, encerrou para novas obras de adaptação. Vai ser entregue a um privado, ao alegado professor Paulo Parra, para nele fazer o seu museu do design e da vaidade pessoal. Para ser famoso basta isso. Não é necessário prestar serviços públicos de relevância. Não é preciso destacar-se em prol da comunidade. Basta comprar uma colecção de qualquer coisa e pôr os amigos e os jornais a dizer bem dela. Bem ou mal, não interessa. Basta encontrar dois deslumbrados que mandem alguma coisa de interesse público e convencê-los que somos um “ícone mundial”. Será o museu do amiguismo de Évora. Vai ser conhecido a nível nacional como a prova que ser amigo do poder compensa. O museu que num país civilizado seria um caso de polícia. A prova de que ter amigos nos lugares certos nos dá impunidade total e nos permite parasitarmos o contribuinte até ao limite da racionalidade, da vergonha e para além destas. Vai ser o museu da cunha. Da inimputabilidade política que demonstra que não existe justiça neste oeste selvagem que é o nosso país, onde o povo é manso e não se importa até de passar fome no lugar de questionar a classe política medíocre que nos rege. Vai ser o museu da vergonha de Évora. O museu dos que não querem saber da sua terra nem da sua cultura. Dos que dão mais importância à aparência de fazer alguma coisa. Dos que preferem a mesquinhez do diz que disse que o futuro que deveriam construir para os seus filhos. Vai ser o museu que prova que somos os porcos da europa. Que estendemos a mão como pedintes porque não temos o que comer e que mal nos apanhamos com ela cheia fazemos festas de arromba para os amigos, com os europeus que nos deram a esmola de boca aberta a verem este espectáculo. Vai ser o museu de Ceia da Silva, presidente do turismo do Alentejo, e de Ernesto Oliveira, presidente da câmara municipal de Évora, e das suas raivas e rancores contra esta cidade que não compreendem e que em boa verdade nunca os aceitou. Será o museu também da sua inimputabilidade política. Um dia terão de se explicar. Não à sociedade. Terão de se explicar aos seus filhos e netos. Vão ter de encontrar uma desculpa para este acto bárbaro e odioso. O prazer de mandar por mandar é um prazer pífio. É o vazio dos medíocres. Gerir com saber, justiça e sensibilidade está muito para lá do conhecimento de pequenos tiranetes de província. Exige homens com H grande. Homens maiores que a sua saloia vaidade pessoal. Homens a sério.
Que Deus vos perdoe.

Tiago Cabeça
Artesão
in Semanário Registo 18 Novembro de 2010



terça-feira, 16 de novembro de 2010

MUSEU DE ARTESANATO DE ÉVORA ENCERROU HOJE

Apenas dois anos após a sua reabertura, que custou mais de um milhão de euros ao erário público, encerrou hoje o CAT, Centro de artes tradicionais, antigo Museu de artesanato de Évora que existia desde 1962.

Segundo o Turismo do Alentejo, que afirmou "não ter verba nem vocação para gerir museus", foi encerrado para obras de adaptação ao novo museu de design e artesanato Paulo Parra.

O Museu privado de design tem abertura prevista para o verão de 2011 e, segundo protocolo estabelecido entre a Câmara, o Turismo e o coleccionador, será suportado pelo contribuinte até 2021.

sábado, 13 de novembro de 2010

Prémio: será que também faz telenovelas?...

"não há ali qualquer ilegalidade."

Inês Secca Ruivo
"Icone do design mundial" segundo Ceia da Silva; docente de design na Universidade de Évora; futura directora do putativo museu do design, aqui no papel de... porta voz do Turismo do Alentejo, a responder à jornalista do Público.

O artesanato, o design e o museu que Évora não sabe se quer ter



Por Joana Amaral Cardoso in Público 13 Novembro de 2010

Exemplares de peças icónicas do design industrial, tapeçarias de Arraiolos centenárias. O Museu de Artesanato e do Design pretende fundir uma importante colecção de design industrial e uma de artesanato. A ideia gerou polémica, mas avança no Verão de 2011

Será possível um acordo que junte estes dois acervos num mesmo espaço?
Uma opção cultural ou uma guerra política?

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Parecia uma história simples: o designer e docente Paulo Parra queria ter a sua importante colecção de design industrial exposta ao público em permanência; a Câmara de Évora e a Entidade Regional de Turismo do Alentejo atribuíram-lhe um espaço. Porém, esse é o mesmo espaço do Centro de Artes Tradicionais (CAT) de Évora. E assim nasceu uma polémica.

O Ministério da Cultura (MC), entretanto, opinou que "é favorável à potenciação do projecto existente, em detrimento da criação de um novo projecto que o substitua", manifestando-se, ainda que apenas com um papel de "mediador", como indicou ao PÚBLICO, contra o plano de um novo museu no espaço do CAT. Esse plano foi firmado num protocolo assinado em Julho e prevê a junção dos dois acervos num só Museu do Artesanato e do Design - Colecção Paulo Parra e avança por decisão do Turismo do Alentejo, gestor do espaço.

O pomo da discórdia mora então no Largo 1.º de Maio, junto à conhecida Capela dos Ossos. Trata-se do antigo Celeiro Comum, ocupado desde 2007 pelo CAT de Évora. O edifício setecentista tem cerca de 500 m2 de área expositiva útil e deve, de acordo com o protocolo entre a Câmara de Évora, o Turismo do Alentejo e o coleccionador, acolher um museu que as partes consideram que irá contribuir para "o rejuvenescimento cultural" da cidade e para a colocar "no roteiro das capitais do design".

Oposição ao fim do CAT

A iniciativa coube ao Turismo do Alentejo, que quis acolher um espólio de mais de 2500 peças que já em 2006 suscitara o interesse do então Museu do Design do Centro Cultural de Belém e, mais recentemente, do Museu do Design e da Moda. As obras de requalificação do CAT para acolher o novo museu estão orçadas em cerca de 15 mil euros e a abertura está agendada para o Verão de 2011, para capitalizar o maior fluxo de turistas.

Desde a Primavera que um grupo de cidadãos contesta o plano. Há uma petição online com cerca de 680 subscritores e a recém-criada associação Perpetuar Tradições, dirigida pelo artesão Tiago Cabeça, agrupa cerca de cem artesãos, ex-dirigentes e historiadores que prometem "accionar todas as providências que o Estado democrático permite" para impedir a fusão dos dois espólios num sítio que pertence ao CAT, como diz João Andrade Santos, da direcção da associação e ex-dirigente (CDU) da extinta Região de Turismo de Évora, que instalou o centro.

Mas numa coisa tanto os detractores do projecto quanto os seus defensores concordam: "O turista que vem a Évora vem a uma cidade Património da Humanidade à procura da sua identidade", diz Inês Secca Ruivo, designer e docente da Universidade de Évora, que será com Paulo Parra membro da direcção executiva do futuro museu. "Mas deve haver uma oferta diversificada", sublinha. E aqui nasce a discórdia. "Uma colecção de design industrial é produto de um outro tipo de cultura, da globalização - são coisas diferentes", assinala Carmelo Aires, ex-vereador (PSD) e membro da direcção da Perpetuar Tradições.

Identidade e diversidade

Secca Ruivo acha que os eborenses têm "outras preocupações", mas a Perpetuar Tradições diz defender a identidade da região. Depois da contestação inicial o protocolo foi revisto e passou a contemplar a junção dos dois acervos. No futuro museu, a ideia é juntar tapeçarias centenárias e olarias do CAT a exemplares das primeiras máquinas de barbear eléctricas, das icónicas máquinas de escrever Olivetti ou dos primeiros walkman da colecção Paulo Parra. Inês Secca Ruivo, que fala em nome do presidente do Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, e do coleccionador Paulo Parra - que dirige o curso de Design da Universidade de Évora e é docente na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa -, frisa: "Não é nosso objectivo acabar com a exposição de espólio de artesanato regional, mas sim potenciar o projecto actual, que está moribundo."

Separar custa mais

Em Julho, técnicos da Rede Portuguesa de Museus e da Direcção Regional de Cultura visitaram o Celeiro Comum e indicaram "uma inadequação da proposta de criação de um novo museu, neste espaço e em sua substituição", em parte porque "os dois espólios constituem diferentes narrativas museológicas". Apontando falhas de acompanhamento científico do trabalho do CAT, sublinham os "altos custos da desactivação de uma instituição estruturalmente bem concebida e que pode ser potenciada" com mais meios. O MC, interpelado pelo PÚBLICO, corrobora esta decisão.

A única solução para este diferendo, questionou o PÚBLICO, seria a mudança de espaço? A Perpetuar Tradições sugere alternativas (os Armazéns da Palmeira, os Celeiros da EPAC), mas Inês Secca Ruivo diz que a escolha do Celeiro Comum se deve aos desejos do Turismo de poupar recursos - um novo espaço exigiria mais despesa - e de entregar a gestão "a uma equipa com competências". "Não há conhecimento de outra Região de Turismo da Europa que tenha a seu cargo a gestão de um espaço cultural", diz, fazendo eco da vontade do Turismo de se afastar desse papel.

E como uma questão financeira não vem só, os contestatários lembram que foram investidos fundos comunitários nas obras no Celeiro Comum. Responsável pela instalação do CAT, João Andrade Santos considera que o futuro plano para o espaço é "pilhagem de meios públicos". A recuperação custou 1,1 milhão de euros, em parte vindos do programa Leader. O Ministério da Cultura frisa que o uso desses apoios comunitários "obriga ao cumprimento das funções para que foram aplicados".

Ceia da Silva não faz comentários sobre o projecto do Museu do Artesanato e do Design e Inês Secca Ruivo apenas pôde dizer que "não há ali qualquer ilegalidade. O espaço pertence ao Ministério das Finanças e foi cedido ao Turismo do Alentejo. O proprietário é que tem a autorização de uso do espaço".

Com o projecto em curso e obras agendadas para breve, Inês Secca Ruivo dizia, ainda assim, ao PÚBLICO: "Esperemos que não tenha de ser mais uma colecção a sair [do país]." Já a Perpetuar Tradições prometia "tentar impedir que o projecto do CAT seja liquidado". "Se os nossos meios não forem suficientes, seremos os primeiros visitantes do museu para analisar tudo o que diga respeito ao acervo de artesanato. E cá estaremos para lhe pedir contas", promete Andrade Santos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A ASSOCIAÇÃO “PERPETUAR TRADIÇÕES” ELEGE OS SEUS ORGÃOS SOCIAIS

A Assembleia Geral da associação “Perpetuar Tradições”, reunida ontem (10 de Novembro) na sede do Grupo Pró-Évora, aprovou o Regimento Interno, votou o montante da jóia e da quota anual, discutiu a actividade a desenvolver ainda durante o ano de 2010, e elegeu os Corpos Sociais.
A Mesa da Assembleia Geral é presidida por Adel Sidarus, e conta ainda com Manuel Branco e Joaquim Palminha Silva. Para a Direcção, presidida pelo artesão Tiago Cabeça, foram também eleitos António Carmelo Aires, João Andrade Santos, Celso Mangucci, e José Miguel Sampaio. O Conselho Fiscal é formado por Jorge Lourido, Carolina Páscoa, e Marcial Rodrigues.

A “Perpetuar Tradições”, cuja criação teve origem no movimento em defesa do antigo Museu do Artesanato de Évora, vai dedicar as últimas semanas de 2010 à instalação física e administrativa da Associação. Mas não vai esquecer a intervenção no campo da informação em defesa do projecto do Centro de Artes Tradicionais, bem como uma diplomacia activa junto das entidades políticas e administrativas que podem ter influência no caso.

A Associação vai ainda abrir uma frente de trabalho virada para a divulgação de temas ligados à cultura popular, ao artesanato, e ao meio rural, mobilizando para o efeito o apoio técnico e científico adequado.
Finalmente, e a partir do debate iniciado nesta Assembleia Geral, a Associação lançou um processo de recolha de sugestões e propostas com vista à elaboração pela Direcção da proposta de Plano de Actividades e Orçamento para o próximo ano de 2011.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

I ASSEMBLEIA GERAL DA PERPETUAR TRADIÇÕES - ASSOCIAÇÃO

Caro Consócio,

No passado dia 10 de Setembro, no seguimento da movimentação cívica em
defesa do antigo Museu do Artesanato, foi formalizada a criação da
associação PERPETUAR TRADIÇÕES, que se propõe desenvolver a sua actividade
em prol da cultura popular da nossa Região.

Foi lançado um apelo à adesão de todos os potenciais interessados, e em
particular daqueles que tinham apoiado a petição pública contra a destruição
ou desvirtuamento do projecto do Centro de Artes Tradicionais, e as
inscrições de novos sócios permitem já passar à fase seguinte.

Vimos por isso convocar todos aqueles que tenham formalizado a sua inscrição
como sócios para a primeira

I ASSEMBLEIA GERAL DA PERPETUAR TRADIÇÕES - ASSOCIAÇÃO que terá lugar em primeira convocatória no dia
10 de Novembro, às 21.00 horas, na
Sede do Grupo Pró-Évora, na Rua do Salvador, 1
, em Évora, com a seguinte

ORDEM DE TRABALHOS

1.Apresentação da Associação, e outras informações.
2.Discussão e aprovação do Regulamento Interno.
3.Apresentação de listas de candidatura, e eleição dos Corpos Sociais.
4.Actividades previstas, e apresentação de propostas e sugestões para os
Planos de Actividades e Orçamentos de 2010 e 2011.
5.Fixação dos montantes da jóia e da quota.
6.Diversos.

Caso à hora marcada não esteja presente a maioria dos sócios, a Assembleia
Geral reunirá em segunda convocatória meia hora depois, com qualquer número
de associados.

Com os melhores cumprimentos,

Tiago Cabeça
António Carmelo Aires
João Andrade Santos

sábado, 30 de outubro de 2010

Prémio: auto-sustentabilidade garantida

"Temos confiança no coleccionador que afirma chegará à auto-sustentabilidade do projecto muito rapidamente"
Claudia Pereira
Vereadora da Câmara Municipal de Évora
sobre a despesa para o contribuinte do futuro Museu de Design


"O sucesso do Museu da Moda e Design (MUDE) não tem saído barato ao erário público (...) Antonio Costa (presidente da Câmara de Lisboa) voltou a mencionar a sua intenção de o transformar numa fundação de modo a angariar parceiros privados que possam ajudar a suportar os seus "avultadíssimos custos".
In Público 30 de Outubro 2010

Câmara de Lisboa fez um contrato de 125 mil euros sem concurso.


O Ajuste directo relacionado com pessoal para o Museu do Design e da Moda (MUDE) foi feito ao abrigo de regra que o autoriza, quando não há mais ninguem capaz de fazer o serviço.
A Câmara de Lisboa entregou 125 mil euros sem concurso público, a uma associação sem fins lucrativos que está a assegurar o atendimento ao público no MUDE durante um período de seis meses. O serviço é executado por perto de sete dezenas de jovens finalistas de cursos de artes, pagos a 4,5€ à hora, pela associação Aumento d´ideias.

De acordo com a directora do MUDE Barbara Coutinho ... "Ajudou a criar não um serviço mas um programa educativo". Uma das fundadoras da Aumento D'Ideias, a artista plástica Natercia Caneira garante que a associação não retira desta prestação de serviços qualquer lucro.

Totalizaram mais de um milhão de euros as três dezenas de ajustes directos celebrados pela Câmara de Lisboa com empresas privadas para aquisição de bens e serviços para o MUDE (...) que também é financiado pelo Turismo de Portugal.

"Era importante que o Tribunal de Contas verificasse atentamente os ajustes directos feitos para este Museu" Diz o vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro, (...) que nalguns casos são de legalidade "mais que duvidosa".

(...) O sucesso do MUDE não tem saído barato ao erário público. Ainda esta semana Antonio Costa (presidente da Câmara de Lisboa) voltou a mencionar a sua intenção de o transformar (o MUDE) numa fundação de modo a angariar parceiros privados que possam ajudar a suportar os "avultadissimos custos" de funcionamento do Museu.

Ana Henriques in Público 30 de Outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sob o pesado manto do “Observatório de Turismo do Alentejo”, esconde-se a verdade nua da mesquinhez “institucional”? *


O dique das mistificações rompeu-se!
Mesmo que ainda subsista aqui e ali a aparência de uma ténue urbanidade, de um mitigado cosmopolitismo, bastou pequena contrariedade, choque mínimo das absurdas pretensões contra a lógica da realidade cultural da Região Alentejo, para fazer ruir o marketing “pseudo-institucional” da entidade “Turismo do Alentejo”…

*
Palavras de circunstância do presidente da “Turismo do Alentejo”, ERT, no acto de lançamento público (5/10/2010) do “Guia de Museus do Alentejo”, ocorrido no claustro do Museu de Évora, com a presença (em traje “descontraído”) da Senhora Vereadora da Cultura do município eborense, bem como técnicos superiores do dito Museu: “Entendemos ser necessário haver um conjunto de guias de produto (turístico) que dessem uma resposta sistemática relativamente à oferta existente em toda a região”.
*
Entretanto, no dia 14 de Outubro do corrente ano, sobre a porta do “Centro de Artes Tradicionais”, antigo “Museu do Artesanato de Évora”, a direcção da entidade “Turismo do Alentejo” mandou colocar um aviso (anexo) em português, inglês e espanhol: - Aí se declara que a unidade museológica se encontra encerrada até 24 de Outubro… por falta de pessoal!


Esta declaração pública sobre a falta de pessoal (férias da única licenciada, técnica superior de serviço, que além de ter de cobrar as entradas no espaço, costuma ocupar-se da lavagem do chão, organizar exposições periódicas e fazer as visitas guiadas), aponta-nos um anormal exercício dirigente da tutela, testemunhando, assim, e pela primeira vez, talvez sem se aperceber, a sua assombrossa incúria na administração dos espaços museológicos sob a sua administração (“Turismo do Alentejo”), das suas inesperadas insuficiências de organização que, depois dessa “história” de querer fazer um museu do “design industrial” à custa do apagamento do espaço museológico do artesanato, lhe vão custar, dizia, um galope de gargalhadas!!! Vemos, portanto, como são fortes os traços culturais que ligam organicamente os dirigentes do “Turismo do Alentejo” à própria Região; como se pode ir da edição do “Guia de Museus do Alentejo” ao encerramento de unidade museológica…
Independentemente das divergências políticas que o cidadão possa ter com o PS no exercício do Poder (no Alentejo), esta forma de organizar e dirigir, refractária aos interesses da Região, não é favorável para a imagem do partido destes senhores e senhoras, com o inusitado suplemento de ser vergonhosa para o Alentejo!
____
* Não era minha intenção voltar a falar do”centro de artes tradicionais” e da entidade “Turismo do Alentejo”… No entanto, verificamos que há um “misterioso” sentido do arbitário e da estultícia, que leva nomeados dirigentes politicos regionais a prestarem vassalagem à banalidade pré-ordenada (secretamente?), bem como à disfuncionalidade crónica e ao dilacerante non-sense …

Palminha da Silva in "A defesa"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Museu do Design - Muita Parra pouca uva...

Ontem teve lugar na Antena1 um debate que versou a manutenção do Centro de Artes Tradicionais enquanto tal, no espaço que hoje ocupa, ou a sua substituição por um Museu de Artesanato e Design ou Design e Artesanato a criar.
Participaram nesse debate a Dra Cláudia Pereira em representação da CME enquanto Vereadora da Cultura, a Dra Ana Borges, em representação da Direcção Regional da Cultura e o Dr Carmelo Aires em representação da "Perpetuar Tradições".
Ao contrário do que foi afirmado na introdução do debate, a Perpetuar Tradições não é uma Associação de Artesãos, é uma Associação com artesãos, mas é acima de tudo uma manifestação de cidadania por parte de muita gente, que não apenas de Évora concelho e que se bate pela defesa do Artesanato Alentejano, defendendo por isso a manutenção nos moldes actuais do referido Centro de Artes Tradicionais.
Convém referir que quem está encarregue da gestão do CAT é a Direcção Regional de Turismo, sendo ela por isso a responsável pelo declínio do espaço, pela pouca consistência do mesmo enquanto projecto, (actualmente entenda-se) pela constante diminuição do fluxo de visitantes que se tem verificado ano após ano.
Não existe da parte desta entidade um esforço visível e honesto para contrariar esta tendência. Pelo contrário tem-se verificado um progressivo e negligente desinteresse (será negligente?) de molde a colocar como alternativa à suposta falta de viabilidade; o fecho ou a reciclagem.
Recordo que um dos argumentos para a eutanásia é a falta de verba, mas, por outro lado, quem vai arcar com as despesas de instalação da colecção de design é a ERT. Em que ficamos?
Em relação à autarquia que afirma não ir ter despesas para além da contratação de um funcionário e daquelas decorrentes do funcionamento do espaço, lembro que já o poderia ter feito em relação ao actual projecto museológico, evitando assim que ele encerrasse portas por causa das férias da sua única funcionária...
Não vou referir aqui da viabilidade do Centro de Artes Tradicionais, já que de todos os pareceres emitidos pelas mais diversas entidades, não houve um único que sustentasse a posição assumida pela tríade Coleccionador, CME e ERT, pelo contrário todos inequivocamente se manifestaram a favor das pretensões da Perpetuar Tradições.
Não cabe também neste espaço polemizar com a Sra Vereadora da Cultura, mas recordo que não foi apenas o Centro de Artes da FCG que subiu ao Parlamento... a questão aqui em debate também. Pronunciando-se a ministra da Cultura de forma demolidora em relação às pretensões da tríade. Aliás outra coisa não seria de esperar; ou ter-se-á esquecido a Sra Vereadora das questões postas pela Assembleia da República à Câmara de Évora acerca da viabilidade do projecto, questões essas que não obtiveram oura resposta que não fosse sacudir a água do capote dizendo que a ideia partiu da ERT e do Coleccionador, tendo a Câmara sido convidada apenas no início de 2010? Data essa que pelos vistos não corresponde à verdade, já que a Sra Vereadora afirmou neste debate ter a Câmara conhecimento do projecto, pelo menos desde o final do ano passado.
A falta de transparência retira toda a credibilidade a quem a pratica. Desde o início desta luta de cidadania que a informação tem sido sacada a conta-gotas e pior; o que nos é dito, a nós que detemos o poder e o delegamos através de eleições, nunca corresponde à verdade.
Afinal quem julgam os senhores que são?
Quem julgam os senhores que vos paga os ordenados?
Para quem pensam os senhores que trabalham?
Haja respeito!

Miguel Sampaio

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Prémio: estará a ver alguma coisa que mais ninguém vê?...

Setecentos cidadãos em petição assinada são contra...
Grupos de defesa do Património são contra...
Comissão Municipal de Defesa do Património é contra...
Delegação Regional da Cultura do Alentejo é contra...
Instituto Português dos Museus e Conservação é contra...
Gabriela Canavilhas, Ministra da Cultura, é contra...

"Concerteza que é para avançar!"

Claudia Pereira
vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora sobre a substituição do Museu de Artesanato publico de Évora pelo Museu do Design privado a suportar pelo contribuinte.
Antena 1; 26 Out 2010

Multimédia RTP


Multimédia RTP

Debate Museu de Artesanato Versus Museu Design e Artesanato Antena 1
26 Outubro 2010, 13h30

Debate na ANTENA 1 - 26 Out 2010

"A Delegação Regional de Cultura do Alentejo não é favoravel a esta junção (artesanato e design)" ...

"O espaço fisico em área não permite estas duas colecções em exposição." ...

"O actual espólio de Artesanato é de grande qualidade"

Ana Borges pela Delegação Regional de Cultura do Alentejo

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"Nunca fomos contra o design, mas existem outros espaços que poderiam servir para essa colecção, por exemplo: o armazém da Palmeira, os antigos Celeiros. "

"Não lhe foi permitido a concretização enquanto projecto de artesanato"Carmelo Aires pela Perpetuar tradições associação
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"Esta ideia não partiu da Câmara Municipal de Évora, partiu do Turismo do Alentejo e do colecionador" ...

"Não há espaço mas nenhuma colecção (Design ou Artesanato) estará permanentemente em exposição. Haverá itinerâncias"...

"A Câmara não encontrou outro espaço (...) pois qualquer outro seria uma despesa incomportável"

"Não é conta nossa não sei quanto vão custar" (as novas obras de adaptação)

"Interessa à Câmara que este espaço seja digno..."

Claudia Pereira vereadora da cultura da Câmara Municipal de Évora

Inquérito

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Comunicado da Associação Perpetuar Tradições

1. A Perpetuar Tradições-Associação de Defesa do Artesanato do Alentejo acaba de tomar conhecimento da resposta de Sua Excelência a Ministra da Cultura a requerimento feito na Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda sobre o “Encerramento do Centro de Artes Tradicionais/Antigo Museu do Artesanato”.

2. Nessa resposta declara a Senhora Ministra, entre outras considerações, que “a posição do Ministério da Cultura é favorável à potenciação do actual projecto museológico em detrimento da criação de um novo e em sua substituição”.

3. Face a esta declaração do Ministério da Cultura ficam em posição insustentável a Entidade de Turismo do Alentejo e a Câmara Municipal de Évora promotores da ideia de alterar o projecto museológico do Centro de Artes Tradicionais de Évora/Antigo Museu do Artesanato.

4. Para a Perpetuar Tradições, que desde o início deste processo se opôs frontalmente à desvirtuação do Centro de Artes Tradicionais, chegou o momento de a Turismo do Alentejo e a Câmara Municipal de Évora arrepiarem caminho e abandonarem a ideia de instalar uma colecção privada de design no Centro de Artes Tradicionais, de cujo projecto de musealização nem sequer deram conhecimento ao Ministério da Cultura, não se coibindo, entretanto, de propagandearem a ideia de que iriam fazer dessa colecção privada o primeiro grande museu de design da Península Ibérica e uma referência mundial.

5. Entretanto, numa táctica bem conhecida de desinvestimento, a Turismo do Alentejo, que gere o Centro de Artes Tradicionais de Évora, fechou-o durante as férias da única funcionária que lhe afectou; e no Guia de Museus do Alentejo que ela própria acaba de editar mandou retirar qualquer referência ao único “museu” de que é responsável, exactamente o Centro de Artes Tradicionais de Évora, assim o desacreditando e fazendo com que seja ignorado, menos procurado e visitado, para melhor justificar o seu propósito de ali instalar uma colecção particular de design.

Évora, 25.10.2010.

Perpetuar Tradições – Associação de Defesa do Artesanato do Alentejo

CAT Museu de Artesanato: o patinho feio dos Museus do Alentejo

Publicação da responsabilidade da ERT não inclui Museu da responsabilidade da ERT

Chega-nos a noticia que o novo guia dos Museus do Alentejo, lançado este mês de Outubro de 2010 e que é justamente uma edição da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo, não inclui o Centro de Artes Tradicionais, Museu de Artesanato de Évora.

De facto este que é o unico Museu à responsabilidade da ERT não teve direito a constar nesta edição, assim como nunca chegou a fazer parte da maior parte de edições turísticas e brochuras informativas distribuidas a quem visita o Alentejo. Este facto dá, mais uma vez, razão ao parecer do Instituto de Museus e da conservação que dá pistas justamente indicando o Turismo do Alentejo como maior responsavel pelo fraco desenvolvimento do projecto CAT Museu de artesanato.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

MINISTRA DA CULTURA CONTRA "MUSEU DE ARTESANATO E DESIGN"


Gabriela Canavilhas favorável a "potenciação do actual projecto em detrimento de um novo em sua substituição"

Em resposta à interpelação do Bloco de Esquerda a Ministra da Cultura faz saber também que "a protecção do espólio do CAT é assegurada pela entidade a que está cometida a sua gestão" e não a colecionadores privados, e que "desconhece o projecto museológico" do design.

O MC também refere que para o actual Museu de Artesanato "espera que se possam concretizar melhorias e complementaridades em colaboração com os agentes envolvidos na promoção e desenvolvimento cultural da região Alentejo".

Em suma um valente puxão de orelhas ao Presidente do Turismo do Alentejo Ceia da Silva e ao Presidente da Câmara Municipal de Évora José Ernesto Oliveira. Quanto ao colecionador "icone do design mundial" e seu projecto, no MC nem sequer o conhecem.

Hoje, 21 de Outubro de 2010 o Museu de Artesanato continua de portas fechadas "por falta de pessoal" e o anúncio que prometia a reabertura para dia 25 foi retirado da porta... Relembramos que estava prometida para este mês a transformação de Museu de Artesanato em Museu de Design.

MINISTRA DA CULTURA CONTRA "MUSEU DE ARTESANATO E DESIGN"



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Museu de Artesanato ENCERRADO POR FALTA DE PESSOAL



Quem passe hoje à porta do CAT Museu de Artesanato de Évora, encontra o aviso: "Estamos encerrados até dia 24 de Outubro por falta de pessoal".


Sabemos que a licenciada que trabalha a contrato, e tanto vende os bilhetes, lava o chão, organiza exposições e faz visitas guiadas, está de férias durante alguns dias. O Turismo do Alentejo (TA) aparentemente não tem mais ninguém para a substituir.

Pelo contrário e segundo o protocolo já acordado quando o "Museu de Artesanato e Design" do colecionador privado abrir, o TA e a Câmara de Évora garantirão pelo menos e com dinheiro do contribuinte: "um funcionário do museu; um funcionário para a loja; um técnico; pessoal de segurança; pessoal de limpeza; pessoal de apoio a processos de candidatura a fundos europeus e outros; uma Direcção do Museu constituida por representantes do TA, da Câmara Municipal e pelo próprio colecionador; dois quadros superiores doutorados em design.

O que nos leva a lamentar estarmos em crise, pois se não estivessemos...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Évora - Críticos do novo Museu do Artesanato e Design criam associação


A «Perpetuar Tradições» recentemente criada com o objectivo centrado na defesa do artesanato alentejano apoia-se, para já, na luta contra o «fim» do Centro de Artes Tradicionais (CAT) em Évora. O espaço dará lugar ao novo Museu do Design - Colecção Paulo Parra. Tiago Cabeça, membro da nova associação, diz que «está em causa o desaparecimento do CAT» e considera que o Turismo do Alentejo e a autarquia de Évora estão a cometer um «crime», entregando a «memória de um povo» a um privado.(...)

«Não encontramos justificação para isso. Mais que as convicções ou gostos pessoais do presidente da Entidade Regional do Turismo do Alentejo (ERTA), Ceia da Silva, ou do presidente da Câmara Municipal de Évora, Ernesto Oliveira, não existe, até ao momento, uma justificação plausível para esse encerramento. Continuaremos a lutar para o evitar. O responsável da nova associação relembra que «é obrigação legal e estatutária da ERTA e de Ceia da Silva garantir a preservação e divulgação do artesanato à guarda do CAT».(...)

«O próprio Instituto Português de Museus e da Conservação manifestou sérias reservas pela possível extinção de ´um bom projecto´. Por parte do Turismo do Alentejo a razão invocada é: “Paulo Parra é um ícone do Design Mundial”. No mínimo esta será uma razão discutível», explica.(...)

É lamentável que tenhamos de resgatar a nossa cultura, tradição e memória justamente das mãos que deveriam zelar pela sua protecção e divulgação», conclui.(...)

O Café Portugal tentou ouvir o presidente da Entidade de Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, mas até ao momento não foi possível uma reacção às posições da nova associação.


In Café Portugal por Ana Clara

sábado, 9 de outubro de 2010

Acta da Comissão Municipal de Defesa do Património continua atrasada

Vai para quatro meses

A acta da ultima reunião da Comissão Municipal de Arte, Arqueologia e Património de Évora continua sem aparecer.

Da responsabilidade do representante da Câmara Municipal de Évora, (no caso a Srª vereadora da cultura Claudia Pereira, para quem o artesanato do Alentejo sobeja nas lojas e não precisa de um Museu) este documento ainda não parece ter conseguido ver a luz do dia.

De facto na dita reunião consultiva desta Comissão, o projecto de acabar com o Museu de Artesanato para o substituir por Design - foi criticado "cerrada e impiedosamente" por todos os membros, à excepção da dita vereadora e do próprio "colecionador de design" que irá beneficiar do negócio.

Segundo nos fizeram constar, a quem lhe pergunta pelo documento a Srª vereadora responde que o mesmo "é de elaboração dificil por a reunião ter sido inconclusiva"...

Afinal são Convicções...

Na ultima conferencia de imprensa promotora do putativo museu de design e artesanato afinal concluiu-se que as "provas" de que o Design atrairá milhares de visitantes a Évora, muitos mais que o Artesanato do Alentejo, não são provas... são convicções. É esta a razão que leva o Presidente do Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, e o Presidente da Câmara Municipal de Évora, Ernesto Oliveira, a entregarem um Museu público de um milhão e duzentos mil euros, a um privado de quem ninguém antes ouviu falar: a convicção de que Évora ficará inundada de turistas no dia seguinte...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Não há duas sem três!*

Joaquim Palminha Silva In A Defesa 30 Setembro 2010

Com o início da actual gestão municipal (em 2001), entramos num vestíbulo onde era suposto sorrir, com visível alegria e entusiasmo, um conjunto de ideias inovadoras (e convívio democrático, aberto, não exclusivista, capaz de aceitar o espírito crítico)… Afinal de contas, fomos vendo paulatinamente que não havia mais do que um “cabide” carregado de “chapéus” de toda a espécie. Enfi m, “chapéus há muitos!...”…
Expliquemo-nos…
Primeiro, surgiu a “ideia-inovadora” (2004) da “Évora-Moda” auto-promovida pela CME e outros “ilustres” parceiros da urbe. Isto é, a organização de um desfi le de “moda” com figurantes mais ou menos vestidos, e a exibição de uma série de mediocridades nacionais da TV e capas de revistas “cor-de-rosa”… Esta “parada” estapafúrdia foi inaugurada face ao templo romano, pelo que a exorbitância de decibéis e outra poluição ambiente na acrópole da cidade, transformaram a iniciativa num gesto vandálico de agressividade patrimonial que “arrepiou”, com toda a razão, alguns agentes culturais e foi objecto na altura de acesa discussão crítica na Comissão Municipal de Arte, Arqueologia e Defesa do Património. O mesmo disparate se repetiu noutra edição da “Évora-Moda”, na Praça de Giraldo, aí massacrando a fonte henriquina e a igreja de Santo Antão… Enfim, além do dispêndio financeiro e vários distúrbios culturais, esta iniciativa resultou numa espécie de “capote rasgado e chapéu roto”, retirados do tal “cabide”, colocando Évora alguns dias fora do recatado lugar de classificada pela UNESCO, para abancar na enxerga da foleirice nacional…
Depois, aconteceu a história caricata (2005) de um cavalheiro de nome Tristan Gillot (portador de passaporte belga) que, enquanto se apresentava como “príncipe” da Transilvânia (?), conseguia convencer a gestão municipal de que tinha capitais para erguer em Évora uma fábrica de pequenos aviões… e, nesse sentido, foi-lhe facultada a cedência de 2 688 m2 de terreno. Esta versão “alentejana” do “conto do vigário” acabou com o cavalheiro (referenciado pela INTERPOL como burlão internacional!) preso pelas autoridades, felizmente sem perigo de maior para os cofres da CME… E lá se foram, saídos do tal “cabide”, outro “capote rasgado” e mais um “chapéu roto”… Évora descia, então, da epopeia patrimonial para esse “crepúsculo” transtagano que é o anedotário alentejano…
Por fim, aparece-nos agora a ideia de “posicionar Évora como um centro cultural integrado nas grandes capitais mundiais do design”, segundo o texto do protocolo firmado entre as instituições Turismo do Alentejo, CME e um particular, por sinal Professor de design na Universidade de Évora e, no caso, proprietário da colecção de objectos a servir de acervo a um denominado “Museu do Design” industrial…
Curiosamente, “museu” a edificar no espaço do extinto Museu do Artesanato actual Centro de Artes Tradicionais, ignorando a existência deste mesmo espaço museológico e seu respectivo acervo, ainda que pálida imagem do que deveria ter sido um efectivo “museu do artesanato” alentejano, etc.. Entretanto, temos de dar conta da nossa perplexidade face à hipocrisia reinante, pois ninguém se atreve a dizer que Évora não necessita de um “Museu de Design” para nada! De resto, é “coisa” perfeitamente descontextualizada aqui e agora (compreendemos o perigo que envolve fazer esta afirmação)!…
Mas pense o leitor com alguma lógica: - Se porventura um Prof. da UE beneficiando de relações íntimas, de privilégio, com a gestão municipal, por “mania” ou gosto científico coleccionasse borboletas exóticas, teríamos obrigatoriamente um “museu da borboleta”, “integrado nas grandes capitais mundiais” das colecções de borboletas? … A actual gestão municipal empenha-se (é um facto!) em encontrar o maior número possível de inovações culturais ou lúdicas que, para além do que já se sabe, coloquem Évora no centro das atenções do turismo nacional e internacional, bem como tem procurado afanosamente atrair investimentos e criar emprego para a população, tal é o caso, por exemplo, da fábrica de origem brasileira de “componentes para aviões” que, como a “Feira de S. João”, todos os anos é inaugurada um pouco mais! Mas nunca mais se transforma em realidade!… Claro que é digno de registo o esforço da gestão municipal, embora não faça mais do que a sua obrigação!
Todavia, acreditamos que deve ser penoso para a gestão municipal organizar desfiles de “moda” que resultaram em fi ascos anunciados, acreditar no primeiro estrangeiro que lhe aparece a “vender a banha da cobra” e, por fi m, embandeirar entusiasmada no “paleio” de um “professor” na Universidade local (que não deve ter pesadelos nem pesos na consciência, pelos estragos que provoca!), que lhe “vendeu” a ideia da cidade vir a ser um “centro internacional” do design… Começando logo a “abrir” caminho pisando aqui e ali, incompatibilizando-se com os agentes culturais da urbe, pessoas singulares e instituições locais, resvalando para o ridículo nacional! Tudo isto deve ser penoso de sofrer para a actual gestão municipal, mas é muito mais penoso para o preocupado e inquieto cidadão eborense…
Na verdade, não há duas sem três! Decididamente, esta gestão municipal teima em fazer do seu trabalho, na área cultural e lúdica, um “cabide” para chapéus! Esta gestão municipal teima em nos desfigurar a cidade, porque se julga moderna, cosmopolita e de “excelência”, mas no meio de uma cidade de casas arruinadas, incapaz de eficácia na simples limpeza e restauro das calçadas urbanas, alterando-nos sem “autorização” referendária praças e jardins, atreve-se todavia a pretender ser “centro cultural” não se sabe do quê, acabando numa prática patética de “troca-tintas” disto e daquilo, que desgosta e envergonha a grande número de eborenses…
Por fi m, faz-se desantendida, não responde aos argumentos dos que a criticam publicamente, responde como “individuo” sofrendo de disfunção crónica, apesar de possuir neste mandato específico vereador da Cultura (lugar desempenhado até aqui pelo Presidente do Município), o seu suposto potencial cultural degrada-se a olhos vistos, a superficialidade e a inelutável leviandade que a acompanha tornou-se prática corrente… Como se diz (ou dizia) nas “passagens de nível” ferroviárias, aventamos este alerta aos cidadãos eborenses, sempre que tenham de se relacionar com actual gestão municipal, área cultural e não só: – PARE, ESCUTE E OLHE!!!
Para não serem atropelados pela asneira, celindrados pela crónica disfunção do raciocínio ou esmigalhados pela bacoquice mental!
“Chapéus há muitos”…
* Esta crónica volta a ser publicada com modificações, porque infelizmente a “estrutura” cultural bem como a mentalidade corrente, no seio do executivo municipal, continua inalterável… Isto é, se houve mudança foi para pior!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Artesãos admitem luta judicial contra o Museu do Design de Évora




Nova Associação
Público 22.09.2010 - 08:10 Por Maria Antónia Zacarias, com Joana Amaral Cardoso

Os artesãos de Évora que não concordam com a transformação do Centro de Artes Tradicionais (CAT) em Museu do Artesanato e Design admitiram ontem que estão preparados para endurecer as formas de luta. O recurso à via judicial, através de uma providência cautelar, é uma das opções em cima da mesa.
O recurso à via judicial, através de uma providência cautelar, é uma das opções em cima da mesa.
Ontem foi possível perceber que o movimento de contestação se organizou, com a criação de uma nova associação - a Associação de Defesa do Artesanato do Alentejo, que se apresentou, à tarde, em Évora. Os seus responsáveis garantiram que usarão todos os meios legais. "Este é o nosso primeiro cavalo-de-batalha, que tem de ser ganho", sustentou Tiago Cabeça, artesão e um dos fundadores da associação.

Questionado sobre as intenções deste movimento, o coleccionador Paulo Parra disse ao PÚBLICO não entender a controvérsia "de criar dois museus para promover dois espólios complementares". Em seu entender, a oposição que o projecto tem merecido só se pode perceber "sob outros interesses", que não quis nomear, enfatizando que o plano de convivência dos dois espólios (o do CAT e a Colecção Paulo Parra) no futuro museu se mantém e que a sua equipa tem "larga experiência no trabalho com grandes artesãos alentejanos".

Também o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, foi contactado, mas escusou-se a tecer comentários.

Os promotores desta associação reiteram o que tem vindo a ser dito desde Março deste ano, alegando que é "impossível" e "incongruente" colocar no mesmo espaço as duas colecções, "até porque o local não tem condições". Fora este argumento, os membros da nova associação insistem que nada têm contra a abertura de uma colecção privada de design industrial do século XX, desde que seja num outro sítio da cidade.

Toda a polémica começou quando a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, a Câmara Municipal de Évora e o professor Paulo Parra decidiram instalar, nesta cidade, a colecção deste último.

Faltava um espaço e a escolha recaiu sobre o edifício do antigo Celeiro Comum. Um espaço que sofreu obras de recuperação "suportadas pelo erário público - com o apoio de fundos comunitários", e que foi reaberto há cerca de dois anos, com o espólio do CAT. Porém, a autarquia e o turismo afirmam que este centro não tem viabilidade financeira, por falta de público. Um argumento que, segundo os artesãos que lideram a nova associação, ainda está "por provar".

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PERPETUAR TRADIÇÕES-ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO ARTESANATO DO ALENTEJO

Évora, 17 de Setembro de 2010

Excelentíssimos Senhores,

Assunto : Convite para a conferência de imprensa de apresentação da Associação
“PERPETUAR TRADIÇÕES-ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO ARTESANATO DO ALENTEJO



Na próxima Terça-feira, 21, pelas 17.00 horas, procederemos à apresentação da associação “PERPETUAR TRADIÇÕES” aos profissionais da Comunicação Social, que terá lugar na
Casa de Chá Condestável, na Rua Diogo Cão, em Évora no Centro Histórico.

A criação desta associação foi suscitada pelas ameaças que, desde finais de Março, foram tornadas públicas pondo em risco o futuro do Centro de Artes Tradicionais, antigo Museu do Artesanato de Évora.

Os signatários fizeram de então para cá fazer ouvir as suas opiniões através de uma Petição, de artigos nos jornais, e de outras tomadas de posição públicas.
Perante a manutenção daquelas ameaças, entendemos agora que terá que existir uma organização formalizada para as medidas que se imponham em defesa daquele projecto, e da cultura popular do Alentejo.

Essa, a razão de ser deste convite.
Esperamos tê-los convosco na próxima Terça-feira. Os melhores cumprimentos:

Adel Sidarus
Carmelo Aires
Carmen Ballesteros
Carolina Páscoa
Celestino Froes David
João Andrade Santos
Joaquim Palminha Silva
Magda Ventura
Manuel Branco
Miguel Sampaio
Tiago Cabeça

sábado, 11 de setembro de 2010

Os meus heróis...

São as pessoas que resistem porque acreditam.

Gabriela Canavilhas - Ministra da Cultura
In Semanário Expresso, 11 de Setembro de 2010

Petição Publica pelo não encerramento do CAT Museu Artesanato de Évora

Continuamos a recolher assinaturas. Assine connosco!

Petição

Uma questão grave

Sabendo das dificuldades que o país e, particularmente a Câmara Municipal de Évora, atravessam. Sabendo que o putativo "Museu do Design e Artesanato" irá custar ao Municipio pelo menos três vezes mais que o actual Centro de Artes Tradicionais (CAT) (estima-se que mais de 100.000€ anuais) fica a questão:

Haverá dinheiro para manter este Museu privado do Design?

Ou vamos só destruir o CAT?...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um saco cheio de nada...

Recebemos a resposta da Câmara Municipal de Évora à interpelação do Grupo parlamentar do Bloco de Esquerda que apenas veio confirmar aquilo que já se suspeitava: os "estudos" que "provam" à Câmara Municipal de Évora e ao Turismo do Alentejo do maior interesse do Design sobre o Artesanato, os mesmos que apontam para multidões de visitantes e que colocarão Évora "na rota internacional do Design" são um saco cheio de... coisa nenhuma. Não existem. Confrontado pelo Bloco de Esquerda o sr. Presidente da Câmara Municipal de Évora responde: Foram eles que pediram (entenda-se o Turismo do Alentejo).

Fica outra pergunta no ar: além do Sr Paulo Parra - parte evidentemente interessada - haverá alguma personalidade/instituição que reconheça da imprescindibilidade deste Design sobre o Artesanato do Alentejo?

É que até ao momento, mais ninguem se fez ouvir...

Interpelação pelo Grupo Parlamentar do Bloco de esquerda


Requerimento À Câmara Municipal de Évora



"Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio requerer à Câmara Municipal de Évora cópia dos estudos em que se fundamentou para a substituição do Centro de Artes Tradicionais /Antigo Museu do Artesanato pela criação do Museu do Design em Évora – Colecção Paulo Parra, bem como cópia do Protocolo tripartido".


Resposta do Presidente da Câmara Municipal de Évora:

"(...) No inicio do corrente ano a Câmara Municipal de Évora foi contactada pelo Turismo do Alentejo propondo o estabelecimento de parceria para acolher a colecção de Design Paulo Parra(...) Para este objectivo a ERT disponibilizou o espaço (...) que acolhe o Centro de artes tradicionais. (...) Em anexo remeto copia do protocolo aprovado".

Évora: Artes tradicionais ou 'design'?




por LUÍS MANETA

In Diário de Noticias 10 de Setembro de 2010

Futuro Museu do Design no edifício do Museu do Artesanato lançou contestação de grupo de cidadãos.

A decisão da Câmara Municipal de Évora e da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo de instalar o novo Museu do Design no edifício onde se encontra a funcionar o Centro de Artes Tradicionais (Museu do Artesanato) vai ser contestada em tribunal por cidadãos que consideram tratar-se de uma opção que "empobrece" a memória histórica do Alentejo.

"Uma vez que os nossos argumentos não foram ouvidos por quem decide, resta-nos avançar com uma providência cautelar. Não chegamos lá de outra maneira", diz ao DN o artesão Tiago Cabeça, primeiro subscritor de uma petição com 650 assinaturas contra a "secundarização" do Museu do Artesanato, cujo espólio constitui um "importante marco da memória dos usos, costumes e tradições" da região.

O recurso a tribunal, cuja fundamentação jurídica está a ser preparada, é apontado como a "derradeira tentativa" para travar a abertura do Museu do Design, prevista para o início do próximo ano, no edifício do antigo Celeiro comum, próximo da Capela dos Ossos. O mesmo espaço onde em 1962 foi inaugurado o Museu do Artesanato, que ali funcionou até à década de 90. Em 2007, depois de um investimento de um milhão de euros, o museu reabriu portas.

"Não compreendemos como é que se pretende pôr de lado um investimento que foi apoiado por fundos comunitários com o objectivo de valorizar a cultura regional", diz Tiago Cabeça, considerando que "não faz sentido manter num edifício com apenas 200 espaços expositores" uma colecção de artesanato e outra de design industrial. "São coisas completamente diferentes. Uma é a etnografia e o artesanato do Alentejo, outra são peças de plástico para produção em massa."

Recusando comentar a providência cautelar, o presidente da ERT do Alentejo, Ceia da Silva, garante que o museu irá continuar a ter uma "valência de artesanato", estando a decorrer o concurso público para requalificação do espaço. Já a vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Évora, Cláudia Pereira, diz que a ameaça de recurso aos tribunais "não fará parar" o processo de criação do Museu do Design, composto por cerca de 2500 objectos coleccionados por Paulo Parra, professor auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

"É uma parceria público-privada cujo protocolo com o coleccionador será assinado em breve", acrescenta Cláudia Pereira, segundo a qual "nada impede" a coexistência de uma colecção de artesanato com outra de design industrial. "A colecção de Paulo Parra intitula-se 'Da pedra lascada ao iPod' e por aí se pode ver que existe uma ideia de continuidade. No fundo, estamos a falar de produtos que são todos eles para massas, pois o artesanato também é produzido em série, não se trata de peças únicas."

Para a câmara e para a ERT, o projecto é ainda justificado com a necessidade de "imprimir uma nova dinâmica" ao Centro de Artes Tradicionais, "transformando-o de facto num museu, através da inclusão e desenvolvimento no seu projecto expositivo de novas valências" que poderão "contribuir para a sua revitalização, captando novos públicos".

sábado, 28 de agosto de 2010

Vamos continuar a recolher assinaturas!



Não desistimos!

Chegados às seiscentas assinaturas na petição on-line decidimos continuar a sua recolha e levar esta denuncia cada vez mais longe. A desinformação lançada à volta deste tema engana as pessoas durante algum tempo, promovendo a inevitabilidade de um "Moderno Museu de Design" neste espaço, mas quando informadas da verdadeira realidade deste assunto a indignação torna-se ainda maior.

Contamos consigo também para, considerando-o justo, passar a palavra.

Petição On-line pelo Centro de Artes Tradicionais Antigo Museu de Artesanato de Évora:
http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N1721

terça-feira, 17 de agosto de 2010

EM DEFESA DO MUSEU DO ARTESANATO!

A Câmara Municipal de Évora e a Entidade Regional de Turismo do Alentejo decidiram instalar uma colecção particular de design industrial (Colecção Paulo Parra)no Centro de Artes Tradicionais, antigo Museu do Artesanato.
A Câmara, e o Turismo do Alentejo que tutela o Centro de Artes Tradicionais, decidiram assim optar contra a opinião publicamente manifestada por cidadãos sob a forma de petição e outras tomadas de posição, atrevendo-se inclusive a contrariar frontalmente o conteúdo de pareceres emitidos pela Direcção Regional da Cultura do Alentejo e pela Comissão de Arte, Arqueologia e Defesa do Património, o mais antigo, respeitado e consensual órgão consultivo do Município.
Mesmo as avisadas recomendações do Instituto Português de Museus e da Conservação, entretanto divulgadas, foram ostensivamente ignoradas pela Câmara e pelo Turismo.
A Entidade Regional de Turismo do Alentejo recebeu da extinta Região de Turismo de Évora a responsabilidade de gerir o Centro de Artes Tradicionais, unidade museológica bem estruturada e de reconhecida qualidade, por sua vez herdeira do antigo Museu do Artesanato, propriedade da Assembleia Distrital de Évora. Todavia, o Turismo do Alentejo revelou-se incapaz de gerir e potenciar o Centro de Artes Tradicionais, e procurou através do Protocolo negociado com a Câmara e com o coleccionador Paulo Parra, descartar-se dessa responsabilidade e dos custos inerentes,
Renegando a defesa e a preservação da marca cultural e da identidade da Região, a Câmara e o Turismo esqueceram uma responsabilidade que os vincula à tradição popular, ao admitir a subalternização do artesanato regional pela instalação permanente no seu espaço de uma colecção de design industrial de matriz supranacional, que nenhum parecer de entidade independente e especializada avalizou, e que vários outros imóveis de qualidade actualmente devolutos no Centro Histórico poderiam receber.
Queremos por isso aqui deixar a marca da nossa indignação, e a garantia de que não nos conformamos .

Adel Sidarus
Carmelo Aires
Carmen Balesteros
Carolina Páscoa
Celestino Froes David
João Andrade Santos
Joaquim Palminha Silva
Jorge Lourido
Magda Ventura
Manuel Branco
Miguel Sampaio
Tiago Cabeça


In Diário do Sul, 16 Agosto de 2010