terça-feira, 27 de julho de 2010

Museu do Design e do Artesanato de Évora avança


Pareceres desfavoráveis

Primeiro Museu do Design e do Artesanato da Península Ibérica vai mesmo avançar em Évora, contra os pareceres desfavoráveis da Direcção Regional de Cultura, da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia e do Instituto dos Museus e da Conservação.
Contra estas opiniões, a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e a Câmara Municipal de Évora decidiram aceitar a proposta do coleccionador Paulo Parra para esta cidade receber o seu espólio e avançar para a criação deste novo espaço.

As contestações surgem do facto de mais de 3500 peças de design irem coabitar com outras tantas de artesanato que estão no Centro de Artes Tradicionais e que agora vai mudar de denominação.

No entender do presidente da ERT, Ceia da Silva, o novo museu irá abrir a partir de Outubro/Novembro, “sem se acabar com nada, sem mudar, mas melhorando e criando um upgrade para o artesanato”.

Ceia da Silva considera que esta foi a melhor solução encontrada, uma vez que “dará outra mais-valia ao artesanato que pode em conjugação com o design obter o reconhecimento por parte do Instituto Nacional dos Museus, sendo igualmente motivo de atracção turística. “É muito importante que possamos levar o nosso artesanato e os nossos artesãos a uma internacionalização, atrair para Évora muitos turistas”, frisou.

Esta ideia foi reiterada pela vereadora da autarquia, Cláudia Pereira que avançou ainda que o actual Centro de Artes Tradicionais estava a perder cada vez mais visitantes, não se justificando as despesas face às receitas auferidas.

“Além disso, aquele espaço não podia viver só com aqueles objectos porque muitos deles estão disponíveis em lojas de artesanato e, para mim, um museu tem que dar a quem o visita algo que nós não podemos ter”, considerou, acrescentando que o coleccionador Paulo Parra tem peças que cumprem bem esta função.

Com um espólio de mais de 3500 peças, o coleccionador confessou não entender a oposição a este projecto, sobretudo pelo facto de o design “estar a ter cada vez importância na sociedade”.

Paulo Parra reiterou, assim, a possibilidade de uma coexistência harmoniosa entre o artesanato e o design “porque este vê ancoradas as suas raízes no artesanato, daí esta união ser extremamente natural”. E deu exemplos: “Uma nave espacial é um produto muito artesanal, embora tenha grande tecnologia. É quase tudo montado à mão, as peças são feitas uma a uma, digamos que é um artesanato dos tempos contemporâneos. Mesmo assim a cortiça está lá, as cerâmicas também, portanto, é tudo uma questão de conceito”.

In Público 26.07.2010 - 20:37 Por Maria Antónia Zacarias

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