sábado, 8 de dezembro de 2012

O MADE - Museu do Artesanato e do Design de Évora abriu há um ano.


No seu primeiro ano de existência, o MADE teve três a quatro vezes menos visitantes que o antigo Museu do Artesanato nos primeiros doze meses de funcionamento

Fez no passado dia 10 de Novembro um ano que abriu, no edifício do Real Celeiro Comum, o MADE-Museu do Artesanato e Design de Évora. Criado por um protocolo assinado em Março de 2010 pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo, pela Câmara Municipal de Évora e pelo colecionador Paulo Parra, o então chamado Museu do Design destinava-se inicialmente a albergar a coleção privada de objetos de design do referido colecionador no espaço onde até então tinha funcionado o Centro de Artes Tradicionais-Antigo Museu do Artesanato, que fora inaugurado em Setembro de 2007 e tinha beneficiado de um investimento de mais de um milhão de euros em recuperação patrimonial e aquisição de material de exposição.

Justificava, então, a Entidade Regional de Turismo esta nova parceria público privada com a alegada insustentabilidade do antigo Museu do Artesanato e com uma confessada falta de vocação para gerir um museu. Mas tais argumentos não satisfizeram a opinião pública que assistia com indignação à liquidação de um projeto de valorização das marcas de identidade da nossa Região e à oferta - a título gratuito - de um espaço nobre da Cidade e de todo o equipamento nele contido a um colecionador privado.

O movimento de opinião que se desenvolveu e culminou na criação da associação PERPETUAR TRADIÇÕES forçou os parceiros do Museu do Design a alterar o projeto, que passou a chamar-se de ”Museu do Artesanato e Design”, mas tal mudança cosmética não evitou uma denúncia feita à Comissão Europeia de desvio dos fundos disponibilizados por Bruxelas para um projeto diferente daquele para o qual tinham sido contratados. O processo que foi aberto pela Comissão forçou os parceiros do museu do design a novas adaptações, a fim de tentar dar satisfação formal às exigências de Bruxelas, impedindo assim que o artesanato alentejano fosse totalmente retirado das instalações do Celeiro Comum onde estava presente desde 1962.

Passou um ano sobre a abertura do MADE.

As peças de artesanato ocupam agora, apenas, uma parte da belíssima nave do Celeiro Comum, sem ordem aparente, sem pedagogia, com toda a parte escrita praticamente anulada. Boa parte do espaço é ocupada por peças de design da coleção Paulo Parra cujos catálogos substituíram na recepção todos os catálogos, folhetos e mais documentação escrita sobre o artesanato alentejano, que dela foram retirados. Foram anulados espaços de exposição para criar um gabinete para o professor Paulo Parra e para a sua biblioteca de design, mas um ano volvido sobre a inauguração do MADE, tais espaços continuam vazios e sem utilização. O Auditório do antigo Museu do Artesanato está inacessível ao público e desativado, inviabilizando a projeção de mais de uma vintena de pequenos filmes sobre a produção dos diferentes objetos artesanais da Região.

Neste primeiro ano de existência, e a ajuizar pelo número de ingressos vendidos, o MADE terá tido cerca de 3.000 visitantes. O Centro de Artes Tradicionais-Antigo Museu do Artesanato recebeu entre a sua inauguração em Setembro de 2007, e Setembro de 2008, perto de 11.000.

O MADE, entidade sem consistência nem conteúdo, serviu para eliminar um projecto válido e cientificamente suportado: foi o resultado de uma parceria negativa, negativa para a Cidade e para a Região, que pode conduzir pela sua visível insustentabilidade ao fim da presença do artesanato alentejano no Celeiro Comum.

A associação Perpetuar Tradições constata que a vida e os resultados concretos vieram a posteriori justificar plenamente toda a sua intervenção crítica e em defesa do Museu do Artesanato, e fica a aguardar com curiosidade as explicações que a parceria do MADE poderá apresentar.

Évora, 3 de Dezembro de 2012,
A Direcção,
Tiago Cabeça; A.Carmelo Aires; J.Andrade Santos; Miguel Sampaio; Celso Mangucci

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