sexta-feira, 18 de março de 2011
A arte tradicional não está cotada na bolsa, mas...
"A cultura popular e a preservação da memória colectiva" foi o mote para o serão de ontem,17 de Março, na sede do Grupo Pró-Évora, organizado pela Associação PERPETUAR TRADIÇÕES.
O encontro, que juntou entre 4 a 5 dezenas de pessoas, afirmou a ideia de que "a batalha foi perdida mas a guerra não",traduzida numa expressão de Carmelo Aires. Já depois da meia noite, a última frase foi lançada por Cláudio Torres: "Vale a pena lutar. Foi assim que Lisboa conseguiu!" afirmou peremptório, numa alusão ao movimento cívico que fez reabrir o Museu de Arte Popular.
A Professora Antónia Fialho Conde, moderadora deste colóquio, começou por relembrar a valorização crescente que instituições como a UNESCO vêm atribuindo ao Património Imaterial, nomeadamente desde a Convenção de Paris de 2003.
Marcial Rodrigues, foi o primeiro orador da noite. Traçou o percurso histórico da ideia hoje conhecida como Museu do Artesanato/Centro de Artes Tradicionais, numa intervenção em representação do Grupo Pró Évora, intitulada "Do projecto do Museu de Arte Rústica ao Museu do Artesanato", segundo a qual desde 1929, é publicamente defendida a ideia do então "Museu de Arte Rústica".
Com a descrição de avanços e recuos, com denominações e molduras diferentes, Marcial chegou a 1963, data em que foi destinado, para este efeito, o espaço do Celeiro Comum. Esgotado o tempo de que dispunha, concluiu afirmando que se trata pois "de uma causa antiga que acabou por se concretizar e não faz sentido extinguir agora". E que "se os responsáveis tivessem estudado a lição não o teriam feito com esta facilidade".
O Historiador Celso Mangucci defendeu em nome da Associação "PERPETUAR TRADIÇÕES" a " arte popular, entre a história e a tradição." Centrou-se na explicação da ideia subjacente ao Centro de Artes Tradicionais quando da sua abertura ao público em 2007.
O Professor Francisco Ramos falou sobre " Artesanato, Memória e Felicidade". Afirmou metafóricamente que o Artesanato é como a Felicidade; só quando desaparece é que lhe damos valor. E que "somos um país de artesãos a vários níveis".
O arqueólogo Cláudio Torres destacou " a continuidade histórica como uma característica maior do Sul". E acrescentou que quando pensamos que este mundo ancestral está a mudar, talvez estes saberes possam vir a ser fundamentais. Disse que não se trata só de guardar, mas também de fazer. Porque o artesanato implica fazer; implica memória, ritmos e gestos. Como a música ou a dança.
Depois dos oradores principais, pronunciaram-se Manuel Branco, Carmelo Aires, José Russo, Fátima Mendes, o Presidente da Associação de Artes e Ofícios de Évora Rodrigo Pato, António Murteira, Elsa Caeiro, João Andrade Santos, Celestino David e Joaquim Pulga.
A sessão terminou com o apelo de esperança lançado por Cláudio Torres.
In A Cinco Tons
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