quinta-feira, 13 de maio de 2010

O que dizem outros

Joaquim Caetano, ex director do Museu de Évora, é um dos subscritores de uma Moção de Apelo em defesa do Centro de Artes Tradicionais, que resultou da visita do passado sábado, 8 de Maio.


Em Évora o assunto da agenda política é, por estes dias, o Museu do Artesanato - Museu do Design.
O curioso é que assim sendo, os protagonistas façam todos os esforços para não falar sobre o assunto. Até quando vão conseguir manter o silêncio, é uma das muitas perguntas sem resposta.


O caso é paradigmático da forma de agir dos poderes políticos protagonistas na nossa democracia. Falam do que querem, quando querem, sobre o que lhes interessa. A transparência, a informação ou prestação de contas, o respeito pelos cidadãos que representam, continuam a ser consideradas cerejas que tão facilmente podem enfeitar o bolo, como ser completamente dispensáveis, sob um qualquer argumento minimamente condizente com o bolo em presença.


Assim, são os que não têm capacidade de gestão e interferência directa na coisa pública que é o Centro de Artes tradicionais/Antigo Museu do Artesanato, cidadãos reconhecidos na cidade e na região, que têm vindo a público dizer que não é aceitável que se mude assim de ideias com tanta facilidade e tão pouca explicação. Ou seja, se ainda há cerca de dois anos foram feitos investimentos significativos num Centro de Artes Tradicionais, como vir agora dizer que o Museu tem de mudar de ramo, porque isto do artesanato não é atractivo, não está na moda, mas que o design é que sim.

Parece brincadeira. Mas tudo se passa à custa de dinheiros públicos. Tudo isto parecer depender apenas da pessoa que se senta na cadeira. Mudando a pessoa, tudo muda com ela, até os acervos dos Museus.


Numa coisa todos estão de acordo, todos gostam de Museus. Sejam eles de artesanato, de design, de pintura, de escultura, de marionetas, e de tantas outras possibilidades que dariam para pôr um em cada rua. Mas como não é possível ter para todos os gostos, convém explicar porquê este em vez daquele, de forma a que a maioria dos eborenses compreenda. E já agora, não vale brincar com o argumento que o Centro de Artes Tradicionais não é economicamente rentável. Ou teríamos de fechar o Museu de Évora, a Biblioteca Pública, o Teatro Garcia de Resende ...
O que todos queremos é abrir novos espaços destes, não fechar os que existem.

Publicada por Dores Correia Blogue A cinco tons

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